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Com alta da taxa básica de juros, veja como ficam os investimentos

Após mudança, especialistas recomendam que os investidores aumentem o foco na renda fixa e reduzam na renda variável

Economia|Do Estadão Conteúdo

Investimentos chegam a a R$ 7 trilhões no 1º semestre EDU GARCIA/R7 - 04.09.2023

O Copom (Comitê de Política Monetária decidiu aumentar a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 pontos percentuais nesta quarta-feira (18). Foi a primeira alta do governo Lula. Agora, com a mudança de rota para o ciclo de cortes que ocorria desde o ano passado, o mercado também se depara com um cenário diferente para os investidores.

A Super Quarta, data conhecida como dia de decisões monetárias no Brasil e Estados Unidos, também marcou o início dos cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) para 4,75% a 5% ao ano. Esse foi um movimento já esperado pelo mercado considerando os dados de inflação e mercado de trabalho (payroll) em desaceleração.

Para os investidores, a notícia é boa: “A redução dos juros da maior economia do mundo tende a favorecer as bolsas, por exemplo, e favorecer também uma desvalorização do dólar, já que a taxa fica menor e menos atrativa”, explica Rafael Haddad, planejador financeiro do C6 Bank.

Por aqui, o cenário é inverso. O Copom mantinha a Selic no patamar de 10,50% ao ano desde maio, mas o mercado começou a apostar em um aumento nas taxas desde a indicação de Gabriel Galípolo, atual Diretor de Política Monetária do Banco Central, para a presidência do Banco Central.


Além disso, há uma expectativa de fechar 2024 com o PIB em cerca de 3%, de acordo com o Boletim Focus da segunda-feira (16). O planejador da C6 revela que a projeção, quando somada a um desemprego baixo e salários mais altos, ajudam a pressionar a inflação e induzir o governo a subir juros. “Isso torna mais atrativa a taxa brasileira em relação à americana e deve favorecer o câmbio, pelo menos neste curto prazo”, indica Haddad.

O cenário também é muito interessante para aqueles que investem em renda fixa, já que essas aplicações possuem melhores rendimentos quando os juros estão mais altos. Pensando nisso, a reportagem separou as projeções de rentabilidade em 12 meses de diferentes investimentos em renda fixa com a Selic atual. Vale ressaltar que as tabelas foram realizadas com a ajuda das projeções feitas pela C6 Bank.


Rafael Haddad comenta que o aumento das expectativas de Certificado de Depósito Bancário (CDI) no prazo de até um ano aumentou também as rentabilidades projetadas de quase todos os produtos para esse prazo, sendo os pós fixados – ou seja, aqueles atrelados ao CDI – seguindo como os mais atrativos em todos os prazos analisados.

Rodrigo Rocha, economista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), explica que ativos como Tesouro Direto IPCA+ e Tesouro Selic também ganham destaque nesse cenário. “Com o aumento da Selic, esses produtos atrelados à taxa de juros oferecem maior rentabilidade e menor risco, sendo opções interessantes para investidores que buscam estabilidade”, afirma Rocha.


A alta da Selic também gera um efeito adverso no mercado de ações. “Uma Selic elevada encarece o custo do crédito, impactando negativamente as empresas que precisam de financiamento para expandir seus projetos”, comenta o economista. Setores como o de consumo e imobiliário tendem a sofrer mais, devido à queda no poder de compra da população e ao aumento dos custos de financiamentos. No entanto, Rocha destaca que o setor financeiro pode se beneficiar, já que as instituições financeiras conseguem aumentar suas margens de lucro com a elevação das taxas de juros.

Quanto aos ajustes necessários nas carteiras, Rocha recomenda que os investidores aumentem a exposição à renda fixa e reduzam a exposição à renda variável. “A reavaliação das estratégias é fundamental para otimizar a rentabilidade nesse contexto econômico”, diz. Ele também enfatiza a importância de monitorar a inflação e adaptar as decisões conforme as mudanças econômicas.

O especialista da C6 também indicou que o investidor tem buscado opções com maiores rentabilidades através da isenção fiscal, crescendo a procura por produtos como Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e debêntures incentivadas, conhecidas pela isenção do Imposto de Renda (IR).

O CEO da Nau Capital, Maurício Valadares, observa que, no cenário atual, a renda fixa brasileira oferece uma melhor relação risco-retorno em comparação com a renda fixa internacional, que havia sido mais atraente meses atrás. “A curva de juros nos Estados Unidos já precifica cortes, com a taxa terminal abaixo de 3%, o que limita os ganhos futuros. A renda fixa local, por outro lado, parece mais vantajosa em termos de preço e risco”, explica.

No entanto, ele alerta que, apesar dos pontos positivos, os investidores devem tomar cuidado ao apostar em crédito privado. “Com os juros subindo, o risco de inadimplência aumenta, especialmente em setores mais sensíveis como o imobiliário e o de consumo”, diz. Embora a economia brasileira venha mostrando crescimento no PIB e queda no desemprego, as empresas altamente endividadas podem enfrentar dificuldades para lidar com os custos crescentes do financiamento, segundo ele.

Diante disso, o CEO ressalta a importância da diversificação em um portfólio, mas reforça que é preciso cautela ao investir em empresas que possam não ter a capacidade de navegar em um cenário de Selic mais alta.

Quanto rende a renda fixa com a Selic atual

Poupança

Rentabilidade real (descontada a inflação): 2,85%

Quanto rende: R$ 1.070,20

Tesouro Selic 2027

Rentabilidade real (descontada a inflação): 4,35%

Quanto rende: R$ 1.085,78

CDB 103% do CDI (Liquidez Diária)

Rentabilidade real (descontada a inflação): 5,70%

Quanto rende: R$ 1.099,80

CDB/RDB/LC Pré-fixado 12,25% a.a

Rentabilidade real (descontada a inflação): 5,82%

Quanto rende: R$ 1.101,06

CDB/RDB/LC 107% do CDI

Rentabilidade real (descontada a inflação): 6,07%

Quanto rende: R$ 1.103,68

LCI/LCA/DEB Incentivada 92,8% CDI

Rentabilidade real (descontada a inflação): 6,58%

Quanto rende: R$ 1.108,99

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