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Combustível de aviação mais caro eleva preços das passagens

Querosene usado para abastecer aviões teve alta de 50%; bilhetes aéreos para os principais destinos nacionais já subiram 12,3%, em média

Economia|Fernando Mellis, do R7

Combustível de aviação ficou mais caro no mundo todo
Combustível de aviação ficou mais caro no mundo todo

Não é só na hora de abastecer o carro que o brasileiro está pagando mais caro pelo combustível. Quem precisa viajar de avião também sente no bolso. O QAV (querosene de aviação) teve alta de mais de 50% no Brasil, na comparação com junho do ano passado, e uma parte desse aumento já está sendo repassada às passagens aéreas.

O combustível representa entre 20% e 30% dos custos de uma companhia aérea. Esse aumento está diretamente relacionado ao preço do barril de petróleo no mercado internacional, que está 60% mais caro.

Abastecer um Boeing 737, com capacidade para 177 passageiros, no aeroporto de Guarulhos (SP) custa hoje entre R$ 25 mil e R$ 30 mil para a rota São Paulo-Manaus (2.689 km), por exemplo. O valor leva em conta o preço do QAV no aeroporto, mas pode ser menor a depender do contrato da companhia aérea com a distribuidora.

"A passagem aérea tem dois componentes que são dolarizados na composição do preço: o leasing [arrendamento] da aeronave e o querosene de aviação. [...] Por mais que sejam trechos nacionais, esse aumento de custos em dólar têm relação com o valor da passagem", explica Eduardo Fleury, líder de operações do Kayak Brasil, site especializado em buscas de bilhetes aéreos.


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A Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) diz que cerca de 60% dos custos das companhias "estão fortemente atrelados ao dólar". "Como cada companhia tem a sua forma de minimizar o impacto desses custos, não é possível aferir o reflexo direto sobre os preços das passagens", pondera a associação.

No entanto, um levantamento de preços feito pelo Kayak a pedido do R7 mostra um aumento médio de 12,3% nos preços de passagens para nove dos dez destinos mais procurados nesta época do ano para quem deseja viajar em julho.


Os voos com destino a Brasília custavam, em média, R$ 769,69 no ano passado e agora estão chegam a R$ 1.269,36 (+65%). Viajar para São Paulo está custando 22% mais caro; Porto Seguro e Recife, 11%; Salvador, Natal e Maceió, 9%; Fortaleza, 6%; e e Rio de Janeiro, 3%. A única localidade que ficou mais barata foi Porto Alegre, com queda de 8%.

A Anac possui dados disponíveis apenas de janeiro e fevereiro, mas que já mostravam uma alta de 9,8% no preço médio das passagens em relação ao mesmo período de 2017 — de R$ 330,83 para R$ 363,34.


"Na área financeira, operações de hedge (uma forma de assegurar o preço futuro do combustível) podem ajudar a absorver alterações abruptas e permitir mais calma no "repasse" destes custos, aumentando a competitividade. Petróleo e dólar influenciam os custos, mas o 'mercado' é o maestro dos preços", observa o professor Claudio Fonseca, do curso de aviação civil da Universidade Anhembi Morumbi.

Ele ainda pontua que tudo dependerá do aumento ou queda do número de assentos vendidos pelas companhias. "Quanto maior a oferta de assentos, menor o preço médio das tarifas. O raciocínio é simples: o cliente é fiel ao seu bolso e não à empresa aérea", diz.

Combustível mais caro no mundo todo

A alta dos preços ocorre justamente no momento em que a aviação doméstica começa a apresentar resultados positivos. Entre janeiro e maio, houve aumento de 4,1% da demanda, em relação ao mesmo período de 2017, segundo a Abear.

No entanto, o fenômeno não é uma exclusividade do Brasil. Dados da IATA (Associação Internacional de Transporte Aéreo, sigla em inglês) mostram que o combustível de aviação está 53% em todo o mundo, na comparação com junho do ano passado).

Nos Estados Unidos, o preço do combustível de aviação atingiu nas últimas semanas o patamar mais alto desde dezembro de 2014.

A American Airlines, maior companhia aérea do mundo, calcula que o aumento do preço do combustível vai gerar um custo extra de US$ 2 bilhões (cerca de R$ 7,5 bilhões) neste ano.

Outra gigante norte-americana, a Delta Air Lines diminuiu a previsão de lucro em 2018 devido ao aumento dos gastos com combustível.

As rotas regionais e com menor oferta de voos nos Estados Unidos estão sendo as mais afetadas pelos aumentos de preços, principalmente porque esta época do ano é de férias de verão e a procura aumenta.

Para tentar driblar o preço, o consumidor precisa se planejar, diz o executivo do Kayak. "Para passagens nacionais, recomendamos sempre comprar com um mês de antecedência e para destinos internacionais, de três a quatro meses", orienta Fleury.

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