Comércio cresce 1% em 2022, mas volta a operar abaixo do patamar pré-pandemia
Tombo de 2,6% em dezembro não impediu desempenho positivo do setor pelo segundo ano consecutivo, de acordo com o IBGE
Economia|Do R7
O volume de vendas do comércio engatou a segunda queda consecutiva em dezembro. Mesmo com a perda de 2,6%, na comparação com novembro, o setor fecha o ano com um avanço acumulado de 1%, crescimento mais tímido do que o do ano anterior.
Com as duas oscilações mensais negativas seguidas, o ramo voltou a figurar em um patamar 1,1% abaixo do nível de fevereiro de 2020, último mês sem os efeitos da pandemia de Covid-19 na economia nacional, de acordo com dados publicados nesta quinta-feira (9) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Naquele ano, o setor teve perda histórica de 12,2%, revertida pela alta de 1,4% das vendas em 2021. Desde então, o maior nível foi atingido em abril, quando estava 3,8% acima do de fevereiro de 2020.
Nos meses de agosto (+0,1%), setembro (+1%) e outubro (+0,1%), o segmento voltou a crescer após duas baixas consecutivas, mas teve os ganhos revertidos nos meses seguintes, apesar da Black Friday e do Natal.
“Esse resultado de -2,6% acentua a queda do mês anterior (-0,9%). Em agosto de 2021, a retração de 4,8% havia sido precedida por um crescimento, ou seja, era um rebatimento, o que não é o caso do resultado de dezembro. Nesse indicador não há aumento há três meses, e esse cenário é ligado a um Natal mais fraco e a uma Black Friday mais fraca”, explica Cristiano Santos, gerente da pesquisa.
Atividades
No ano passado, o volume negativo de vendas do varejo teve cinco das oito atividades no campo positivo. Além de combustíveis e lubrificantes (16,6%), o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria (14,8%) teve aumento de dois dígitos em 2022.
Cristiano Santos, gerente responsável pela pesquisa, recorda que o setor de combustíveis começou uma trajetória de crescimento em julho do ano passado, quando houve mudança na política de preços dos seus principais produtos.
“Com essas mudanças, essa atividade teve aumento significativo e, após aquele momento, quedas grandes. Em novembro, houve uma perda de 5,4%, e o resultado de dezembro intensificou ainda mais essa trajetória. Mesmo assim, o acumulado do ano para esse setor foi o maior da série histórica”, avalia. Somente no segundo semestre, o ramo cresceu 27,8%.
No caso do setor de livros, o crescimento é associado ao retorno da circulação de pessoas e das aulas presenciais. Essa atividade não acumulava alta, frente ao ano anterior, desde 2013. “É um setor que acumula perdas ao longo dos anos, por causa do esvaziamento das lojas físicas, já que muitas pessoas deixaram de comprar produtos físicos dessa natureza", afirma Santos, que ressalta a volta das aulas presenciais como um impulso para a atividade.
O segmento de hiper e supermercados, que é o de maior peso na pesquisa, está há dois meses no campo negativo, mas encerrou o ano com ganho acumulado de 1,4%. Uma das explicações para esse crescimento é a queda de 2,6% no ano anterior.
Em 2022, tivemos o efeito da inflação elevada sobretudo em alimentos, o que favorece mais esse setor que outros, já que muitos deixam de consumir outro tipo de produto para continuar comprando esses itens básicos, ainda que reduzam o dispêndio de forma geral.
"No último trimestre, tivemos também o efeito do aumento do Auxílio Brasil, que alcançou as famílias de menor renda, que tendem a usar o valor do benefício em hiper e supermercados”, analisa o pesquisador.
Os outros dois setores que cresceram no acumulado do ano foram artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (6,3%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,7%).
Cinco segmentos recuaram nesse indicador: material de construção (-8,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,4%), móveis e eletrodomésticos (-6,7%), veículos e motos, partes e peças (-1,7%) e tecidos, vestuário e calçados (-0,5%). No varejo ampliado, que inclui também os setores de veículos e material de construção, também houve perda no acumulado do ano (-0,6%).