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Custo da tecnologia é barreira para produção de veículos mais baratos

A queda do poder de compra da população e o alto investimento em tecnologia dificultam a equação para reduzir preços

Economia|Do R7

Pacote de medidas pretende incentivar mercado
Pacote de medidas pretende incentivar mercado

O pacote de medidas com incentivos à indústria automotiva pode encontrar uma barreira no custo da tecnologia. A proposta do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços é reduzir o preço do carro, retomando o programa de carros populares, da época do governo do presidente Itamar Franco, e, assim, aquecer o mercado de veículos.

Mas, para chegar ao valor entre R$ 50 mil e R$ 60 mil de um veículo, a redução terá de ser de R$ 9 mil a R$ 20 mil. Os modelos mais baratos à venda no Brasil atualmente são o Renault Kwid e o Fiat Mobi, ambos de R$ 69 mil. 

A queda do poder de compra da população e o alto investimento das montadoras em tecnologia dificultam essa equação. Para o coordenador dos cursos da área automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas), Antônio Jorge Martins, o veículo se volta cada vez mais para ser um celular sobre rodas. Com a tecnologia mais presente, fica difícil a redução dos preços.

Além disso, o aumento dos componentes, principalmente no período pós-pandemia, quando houve elevação significativa do preço dos semicondutores, a desvalorização cambial no Brasil e a inflação fizeram com que os custos fossem repassados aos veículos.


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"O ressurgimento do carro com preço mais acessível torna-se uma das grandes dificuldades, até porque o mundo mudou de forma significativa, ao longo dos últimos 25 anos, quando surgiu o carro popular no governo do presidente Itamar Franco. O setor automotivo sofreu uma ruptura total, entre aquilo que existia, o que existe hoje e aquilo que vai existir daqui para a frente. Essa ruptura total passa necessariamente por produto, processo produtivo, pessoas, preços, modelo de negócios e estratégia de atuação. Mudou basicamente tudo em relação àquilo que existia. E dentro do contexto do fortalecimento das grandes empresas de tecnologia no mundo todo", avalia Martins.

Os investimentos que vêm sendo feitos no setor automotivo nos últimos anos, segundo ele, se voltam primordialmente para duas vertentes: conectividade e motorização. "De uma forma geral, a gente percebe que a tecnologia está cada vez mais embarcada nos veículos, e tudo aquilo que efetivamente tem maior tecnologia tem maior preço. E esses investimentos exigem lucratividade elevada", explica o professor e especialista em indústria automotiva.


Veja quais são os carros mais baratos à venda atualmente no país

No entanto, para algumas montadoras e concessionárias, o tema é visto com certa urgência em um momento de queda de vendas, fábricas suspendendo a produção e sindicatos de trabalhadores temendo demissões.


O volume de emplacamentos de veículos antes da pandemia era de 608 mil unidades comercializadas no primeiro trimestre de 2019, e passou para 472 mil em igual período de 2023, uma queda de 22,3%, segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores).

Outra questão é que o poder de compra da população não acompanhou os aumentos de custos dos veículos. Atualmente, 65% das vendas dos carros novos são feitas por meio de financiamento, que também está com custo elevado. 

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O preço de um carro popular era de R$ 7.200, nos anos 1990. Os veículos saíam "pelados" da fábrica, sem itens de conforto e equipamentos de segurança. Segundo cálculo da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), esse valor, atualizado pelo IGP-M, seria equivalente a R$ 80 mil.

Com as novas leis de segurança e emissões, itens como airbag e freios ABS passaram a ser obrigatórios em todos os novos carros, além de tecnologias para reduzir o consumo de combustível.

Após liderar o mercado por vários anos, o segmento dos carros mais baratos foi perdendo espaço. Em 2012, era responsável por 31,3% das vendas. Neste ano, a fatia é de 9,3% até abril.

Já a parcela dos SUVs, os utilitários esportivos, que custam acima de R$ 100 mil, cresceu de 8,8% para 46,4% do mercado, no mesmo período. Segundo a Fenabrave, há mais de cem modelos desse tipo de veículo disponíveis entre nacionais e importados. 

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