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Dólar fecha acima de R$ 5 pela primeira vez desde junho; Ibovespa cai

É a terceira sessão consecutiva de ganhos da moeda, com percepção de alta de juros nos EUA e risco fiscal no Brasil

Economia|Do R7

O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,0479 na venda
O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,0479 na venda

O dólar à vista emplacou nesta quarta-feira (27) a terceira sessão consecutiva de ganhos, encerrando acima dos R$ 5 pela primeira vez desde junho, com as cotações refletindo a percepção de que os juros nos EUA ficarão altos por mais tempo e em meio a dúvidas sobre o equilíbrio fiscal no Brasil.

O dólar à vista fechou o dia cotado a R$ 5,0479 na venda, em alta de 1,17%. Esta é a primeira vez que a divisa encerra acima dos R$ 5 desde 1º de junho deste ano, quando valia R$ 5,0069 na venda.

Já o Ibovespa fechou com uma queda discreta nesta quarta-feira (27), quinto recuo seguido, acompanhando certa cautela em Wall Street, conforme os rendimentos dos Treasuries voltaram a subir e agentes financeiros continuavam apreensivos com a chance de uma paralisação parcial do governo dos Estados Unidos.

A queda só não foi maior por causa do desempenho robusto das ações da Petrobras, em dia de forte avanço dos preços do petróleo no exterior, com outras petrolíferas também destacando-se na coluna positiva.


Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,17%, a 113.995,49 pontos, renovando mínimas desde o começo de junho, de acordo com dados preliminares. Na máxima do dia, chegou a subir a 115.340,41 pontos. Na mínima, recuou a 113.365,75 pontos.

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Movimento do dólar

O dólar à vista oscilou em alta durante praticamente todo o dia. No início da sessão, às 9h01, marcou a cotação mínima de R$ 4,9876 (-0,04%), para depois escalar patamares cada vez mais elevados.


Por trás do movimento estava novamente o exterior, onde o dólar subia em relação à maioria das demais divisas, em meio à perspectiva de que o Federal Reserve poderá manter os juros altos por mais tempo.

Desde o dia 20, quando o Fed anunciou a manutenção de sua taxa básica na faixa de 5,25% a 5,50%, mas projetou novo aumento de juros até o fim de 2023 e uma política monetária mais apertada durante 2024, os mercados globais vêm se ajustando.


“Hoje [quarta-feira] tivemos uma declaração de dirigente do Fed reforçando isso, de que possivelmente os juros possam subir ainda mais, que talvez não seja apenas uma pausa”, comentou o diretor da Correparti Corretora, Jefferson Rugik.

Pela manhã, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, disse ainda não estar claro se o banco central já terminou de aumentar os juros. Em entrevista à CNBC, Kashkari afirmou que não está pronto para dizer que a taxa de juros foi elevada o suficiente para que a inflação americana volte à meta de 2%.

“Além das declarações, um movimento técnico ajudou bastante na alta do dólar, quando a moeda bateu nos R$ 5”, acrescentou Rugik.

Operador ouvido pela Reuters confirmou que, quando o dólar para outubro oscilou em torno de R$ 5, foram disparadas ordens de stop loss (parada de perdas), com alguns investidores reduzindo posições vendidas (no sentido de baixa para o dólar) no mercado futuro.

Como o mercado futuro é o mais líquido no Brasil, o movimento ampliou os ganhos do dólar também no segmento à vista. Às 14h27, a moeda à vista marcou a máxima de R$ 5,0800 (+1,81%).

Para o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, a alta do dólar no Brasil reflete duas conjunturas desfavoráveis: em primeiro lugar, a percepção de que os juros dos EUA ficarão elevados; em segundo, os ruídos fiscais mais recentes.

“Existe um temor do mercado de que o governo não consiga entregar o déficit primário zero no ano que vem, que ele prometeu. Creio que esse valor mais puxado [para o dólar] pode perdurar por algum tempo”, disse, em comentário a clientes.

No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em alta ante a maior parte das divisas.

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