Dólar recua a R$ 5,36 após Haddad falar em corte de gasto; Ibovespa também cai
Ministro da Fazenda falou nesta quinta-feira para acalmar o mercado, após a moeda americana ter batido R$ 5,40
Economia|Do Estadão Conteúdo
O dólar deu um alívio após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, falar sobre um possível corte de gastos do governo com redução de privilégios e super salários da máquina pública. A moeda americana recuou 0,63% e fechou a R$ 5,3685. O dólar chegou a bater na quarta-feira (12) nos R$ 5, 43, fechando um pouco abaixo deste patamar, em R$ 5,40.
Segundo Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank, as falas do ministro trazem um certo alívio para o mercado. “Ontem (quarta-feira), o mercado chegou a questionar a permanência ou não do ministro. Se isso acontecerá ou não, nós não sabemos, mas traz um alívio momentâneo em relação ao quadro fiscal”, diz.
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Já o Ibovespa registrou nova sessão de queda, com incertezas internas e juros elevados no exterior. O principal índice da B3, Bolsa de Valores de São Paulo, caiu 0,31%, a 119.567.53, mas se distanciou das mínimas, com a declaração do ministro da Fazenda.
Atualmente, o Brasil está com dificuldade para aumentar sua arrecadação federal e seguir com os planos de zerar o déficit fiscal em 2025. O governo federal está pressionado e não encontra apoio no Congresso para resolver as questões fiscais via aumento da arrecadação. O efeito do problema obriga o governo a reduzir gastos. A situação reflete negativamente no mercado financeiro e deixa no ar um clima de cautela.
Na noite da terça-feira (11), o Senado Federal devolveu a Medida Provisória (MP) que restringia a compensação de créditos do PIS/Cofins em contrapartida à perda de arrecadação com a desoneração da folha de pagamentos, uma medida com capacidade de render R$ 29,2 bilhões para a Receita Federal.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que o governo está colocando as contas públicas em ordem para assegurar o equilíbrio fiscal e que não consegue discutir economia sem colocar a questão social na ordem do dia. “O aumento da arrecadação e a queda da taxa de juros permitirão a redução do déficit sem comprometer a capacidade do investimento público”, disse Lula.
Na visão de Felipe Corleta, sócio da GTF Capital, essas tensões geraram fortes preocupações no mercado nos últimos dias, que fizeram o dólar disparar. “Isso poluiu o mercado, os dados da economia americana mostraram que a inflação do país está desacelerando, o que causou uma desvalorização do dólar ao redor do mundo por expectativas do corte de juros nos EUA. No entanto, a moeda americana disparou ontem (quarta) por aqui em razão dessas tensões. Por isso, a fala de hoje (quinta) do Haddad acalmou o mercado”, aponta.
Em entrevista coletiva nesta quinta-feira, Haddad disse que o governo está disposto a rever o gasto primário cortando privilégios e que, para isso, vários temas foram debatidos. “Estamos discutindo questões como super salários, correção de benefícios que estão sendo praticados ao arrepio da lei e melhoria dos cadastros”, disse o ministro.
Para Pedro Lang, economista e sócio da Valor Investimentos, esse alívio se mostra até mais forte que a pressão global, visto que nesta quinta-feira o dólar sobe em relação às moedas desenvolvidas no mundo. O analista lembra que dólar opera no Brasil na contramão do mundo justamente pela alta ocorrida na quarta-feira, o que fez a moeda precisar de correção hoje.