O dólar fechou a segunda-feira (19) em alta ante o real, cotado a R$ 5,31 na venda
KEVIN DAVID/A7 PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO-13/10/2022O dólar à vista subiu 0,34% ante o real nesta segunda-feira (19), a R$ 5,3103 na venda, após a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes, que concedeu liminar, na noite de domingo (18), que retira o programa Bolsa Família da regra do teto de gastos no ano que vem. Com isso, o governo federal vai poder usar um crédito suplementar para pagar o benefício de R$ 600.
A decisão levou certa confusão ao mercado, com investidores tentando entender como a medida afeta a tramitação da PEC da Transição na Câmara dos Deputados. Na B3, onde os negócios foram além das 17h no horário de Brasília, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,19%, a R$ 5,3215.
O Ibovespa avançou 1,72%, a 104.619,98 pontos, de acordo com dados preliminares, tendo como principais influências positivas B3 e Itaú Unibanco. Na mínima, o índice caiu a 102.769,76 pontos e, na máxima, subiu a 105.107,19 pontos. O volume financeiro somava R$ 22,3 bilhões, ante média diária de R$ 33,1 bilhões no mês, até a última sexta-feira (16).
Às 16h18, o índice subia 1,6%, puxado por ações da Boa Vista, que disparavam 48,23%, a R$ 7,1 cada uma. Na máxima do dia, elas chegaram a avançar 59,5%, cotadas a R$ 7,64, o maior nível desde meados de setembro. A alta da empresa de serviços financeiros e de crédito foi motivada pela proposta que ela recebeu da norte-americana Equifax, para combinação de negócios.
O índice da Bolsa brasileira teve o primeiro pregão positivo após duas semanas consecutivas em queda, observa Leandro De Checchi, analista da Clear Corretora, que também destaca o descolamento do exterior, em um dia de agenda fraca.
As ações das principais blue chips se valorizaram, o que favoreceu a recuperação do Ibovespa no pregão de hoje. As exceções foram a Vale e a Gerdau, que acompanharam a queda do minério de ferro.
"Com o boletim Focus projetando inflação levemente menor para 2022, os juros futuros têm leve recuo, após a forte alta da última semana, e favorecem a alta dos ativos de risco no pregão de hoje. Apesar de algum otimismo, o mercado deve seguir atento à agenda de indicadores econômicos como o IPCA-15 aqui no Brasil. Nos EUA, as divulgações do PIB e do núcleo do índice de preços PCE devem direcionar o apetite ao risco durante a semana", avalia De Checchi.
A decisão de Mendes sobre o teto de gastos acontece em meio às negociações na Câmara dos Deputados sobre a PEC da Transição, que busca retirar da regra do teto de gastos recursos para o cumprimento de promessas de campanha feitas pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, entre eles a manutenção do benefício social de R$ 600.
Em nota, a XP diz que o impacto fiscal da liminar do ministro do STF tende a ser menor que o da PEC da Transição, mas que "ainda é preciso compreender melhor os detalhes da medida e como isso afeta a tramitação do projeto [PEC] na Câmara".
Apesar da decisão de Gilmar Mendes, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a aprovação da PEC da Transição pelo Congresso. A proposta, que oferece maior segurança jurídica ao governo eleito, está entrando em uma semana decisiva, depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ter anunciado que a votação do texto acontecerá nesta terça (20).
Para Wanessa Guimarães, sócia da HCI Investimentos e planejadora financeira pela Planejar, qualquer leitura de que o orçamento será estourado ou flexibilizado é negativa para o mercado de câmbio, seja via PEC ou qualquer outro caminho. "A expectativa é que a gente tenha um dólar crescente daqui para a frente", afirmou, prevendo também um cenário de muita volatilidade nas negociações desta semana.
No exterior, ajudando a limitar as perdas do real, o dólar caía ligeiramente contra uma cesta de moedas fortes, o que Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, atribuiu a um ajuste depois de ganhos recentes na esteira da decisão de política monetária do Federal Reserve, na semana passada.
Embora tenha desacelerado o ritmo de seu aperto monetário na reunião de dezembro, o banco central norte-americano emitiu comunicado mais duro do que o esperado, advertindo que sua batalha contra a inflação ainda não acabou. Isso despertou temores de que a alta dos juros nos Estados Unidos levará a maior economia do mundo a uma recessão.
Depois disso, nos últimos dias, o dólar foi beneficiado, já que é considerado uma aposta segura em momentos de incerteza econômica.
Na última semana antes do Natal, investidores alertavam para volumes reduzidos de negociação no mercado brasileiro. Com a proximidade dos feriados de fim de ano, a sessão da Bolsa desta segunda já apresentou liquidez reduzida.
Em Wall Street, as principais praças acionárias fecharam em queda.
Copyright © Thomson Reuters.