Dólar sobe 0,44% e volta a superar R$ 4,95; Ibovespa tem alta de 0,93%
Investidores mostram cautela em relação ao câmbio, com espera, na quarta, do índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos
Economia|Do R7, com agências
Apesar da sessão morna e de liquidez reduzida, o dólar à vista registrou alta de 0,44% no mercado doméstico de câmbio e voltou a superar a barreira de R$ 4,95, alinhado ao sinal predominante de elevação da moeda americana no exterior. O Ibovespa também avançou nesta terça-feira (12) e subiu 0,93%, a 117.968,12 pontos, fechando o segundo pregão consecutivo com resultado positivo.
Os investidores mostraram, no câmbio, uma postura mais cautelosa, à espera da divulgação, nesta quarta (13), do CPI (índice de preços ao consumidor, da sigla em inglês) dos Estados Unidos, dado que pode mexer com as expectativas para os próximos passos do Federal Reserve, o banco central daquele país.
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Com oscilação de pouco mais de 3 centavos entre mínima (R$ 4,9353) e máxima (R$ 4,9678), o dólar à vista devolveu uma parte da queda registrada no dia anterior, de 1,04%. No mês, essa divisa acumula um ligeiro avanço, de 0,04%.
"O mercado operou hoje na expectativa pelo CPI nos Estados Unidos amanhã, que vai dar mais subsídios à decisão do Federal Reserve. Não vejo motivos para o dólar deixar de apresentar uma tendência de alta, pelo menos no curto prazo", diz o especialista em câmbio da Manchester Investimentos Thiago Avallone.
Impacto do IPCA
No mercado de ações, o Ibovespa teve seu desempenho favorecido pelo alívio da curva de DI (Depósito Interfinanceiro), as taxas de juros futuros, após o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acelerar um pouco menos do que o previsto em agosto. Enquanto isso, o avanço dos preços do petróleo no exterior forneceu suporte às ações da Petrobras.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA passou de uma elevação de 0,12% em julho para 0,23% em agosto, resultado inferior às estimativas de analistas do mercado, em torno de 0,28%. Casas como LCA Consultores e Warren Rena revisaram para baixo a projeção para o IPCA fechado deste ano.
O índice de referência do mercado acionário brasileiro chegou à máxima de 118.153,67 pontos, mas fechou o dia um pouco abaixo disso, a 117.968,12 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 17,2 bilhões na sessão, véspera de vencimento de opções sobre o Ibovespa na B3.
Na visão do economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, os números divulgados pelo IBGE revelam que o processo de desinflação continua em andamento, com melhorias no comportamento da inflação dos serviços, uma das preocupações do Copom (Comitê de Política Monetária).
"Porém, é claro que o resultado divulgado deve dar mais conforto ao Copom para continuar com a estratégia traçada de cortes de 50 pontos-base por reunião", reforçou, em comentário enviado a clientes nesta terça (12).
A leitura benigna do IPCA de agosto também contribuiu, mas em menor magnitude, para o escorregão do real, ao abrir as apostas para uma aceleração do ritmo de corte da taxa Selic, ainda neste ano.
Atualmente, a Selic está em 13,25% ao ano. Para o encontro do Copom, marcado para a semana que vem, a perspectiva é de uma nova redução da taxa básica em 0,50 ponto porcentual, para 12,75% ao ano.
Para a equipe de macroeconomia da Genial Investimentos, liderada pelo economista José Márcio Camargo, o fato de grande parte das economias desenvolvidas ainda estar em "processo de aperto monetário pede cautela adicional" ao BC, para evitar o que aconteceu com o Chile.
Ao anunciar redução da taxa básica do país em 0,75 ponto porcentual, para 9,50%, o Banco do Chile diminuiu o ritmo de corte de juros neste mês; em julho, o início do ciclo de afrouxamento, com um corte de 1 ponto porcentual, provocou aumento da volatilidade da taxa de câmbio e a "desvalorização significativa" da moeda chilena, observa o time da Genial.
"O Banco Central deve permanecer vigilante a esse mesmo risco, sob pena de desencadear um movimento de desvalorização da moeda brasileira, com impactos negativos sobre o processo de desinflação", alerta a equipe, que prevê mais três cortes de 0,50 pontos da taxa Selic neste ano, para 11,75%.
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No exterior, o índice DXY, que mede o desempenho do dólar diante de uma cesta de seis divisas fortes, operava em leve alta no fim da tarde, ao redor dos 104.700 pontos, depois de ter se aproximado do nível dos 105.000 pontos na máxima do dia (104.918 pontos).
A moeda americana subiu na comparação com a maioria das divisas emergentes e de países exportadores de commodities, embora tenha recuado em relação a dois pares relevantes do real, o peso mexicano e o colombiano.
Em Wall Street, a sessão terminou com os principais índices no vermelho, refletindo certa cautela de agentes financeiros antes da divulgação do CPI. O S&P 500 recuou 0,57%.
Para o superintendente de pesquisa para pessoas físicas da Ágora Investimentos, José Cataldo, investidores aguardam a divulgação da inflação nos EUA antes de reforçar apostas sobre o fim do processo de aperto monetário no país — e, por consequência, elevar as parcelas de risco em seus portfólios.