Dólar sobe de novo e vale R$ 4,12, maior cotação em 2 anos e meio
Nos últimos sete pregões, a moeda norte-americana acumula uma valorização de 6,44% ante o real
Economia|Do R7
O dólar tentou corrigir parte da alta acumulada nos seis pregões anteriores, mas, depois de ir à mínima de R$ 4,0403, voltou a ganhar tração até fechar acima de R$ 4,10.
A movimentação foi marcada por investidores defensivos diante do ambiente de negócios fora do Brasil e temores com o cenário eleitoral.
Na sessão, o dólar avançou 1,65%, a R$ 4,1230 na venda, maior patamar de fechamento do dólar desde 21 de janeiro de 2016, quando foi a R$ 4,1655 e bateu o recorde do Plano Real.
Foi o sétimo pregão consecutivo de valorização do dólar. Somente no período, a moeda ficou 6,44% mais cara.
"É o conjunto da obra. Problemas lá fora, China e Estados Unidos, eleição no Brasil, a decisão do TSE e ainda o fator especulação", afirmou o operador da Advanced Corretora, Alessandro Faganello.
"O investidor corrige um pouco, mas não quer ficar vendido (aposta na queda do dólar) em dólar. Não há muito espaço para realização maior com as notícias atuais", afirmou mais cedo o diretor da consultoria de valores mobiliários Wagner Investimentos José Faria Júnior, quando o dólar ainda operava de lado frente ao real numa tentativa de correção.
No exterior, o dólar subia ante uma cesta de moedas impulsionado pela incerteza política, nova rodada de tarifas comerciais entre Estados Unidos e China e pela ata da última reunião do banco central dos Estados Unidos, que sinalizou aumento da taxa de juros em setembro.
O dólar também subia ante divisas de países emergentes, com destaque para o rand sul-africano, depois que o presidente norte-americano, Donald Trump, expressou no Twitter suas preocupações sobre a reforma agrária do país.
À tarde, a ameaça do vice-primeiro-ministro da Itália, Luigi Di Maio, de que seu partido votará pela suspensão do financiamento à União Europeia no próximo ano se seus parceiros não concordarem em receber imigrantes que estão sendo mantidos em um navio da guarda costeira em Sicília, também ajudou a prejudicar o euro e, assim, elevar a pressão do dólar ante a cesta de moedas.
Internamente, o Banco Central brasileiro seguiu sem atuações extraordinárias no mercado de câmbio e, segundo analistas ouvidos pela Reuters, pelo menos por enquanto não deve interferir porque o movimento do real não está muito diferente do comportamento de outras divisas emergentes. Além disso, não falta liquidez no mercado.
Nesta sessão, o BC apenas ofertou e vendeu integralmente 4.800 swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, rolando US$ 4,08 bilhões do total de US$ 5,255 bilhões que vence em setembro. Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.