Dólar tem queda acentuada e Bolsa fecha em alta antes do Copom
O dólar teve queda de 0,95%, a R$ 5,0723 na venda, sua maior desvalorização diária desde 2 de junho (-1,201%)
Economia|Do R7
O dólar teve forte queda contra o real nesta segunda-feira (14), em sessão direcionada principalmente por fluxos, com todas as atenções do mercado voltadas às reuniões de política monetária do Fed (Federal Reserve), dos Estados Unidos, e do Banco Central do Brasil, que se encerram na quarta-feira.
O dólar teve queda de 0,95%, a R$ 5,0723 na venda, sua maior desvalorização diária desde 2 de junho (-1,201%). Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,98%, a R$ 5,078.
O Ibovespa fechou em alta, superando os 131 mil pontos no melhor momento, em meio a noticiário positivo sobre recuperação da atividade, com papéis que se beneficiam da reabertura econômica entre as maiores altas.
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A queda das ações atreladas a commodities e de companhias exportadoras, incluindo Vale, assim como declínio dos papéis de Itaú Unibanco e Bradesco, porém, abrandaram a recuperação, após a primeira semana negativa desde meados de maio.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,59%, a 130.207,96 pontos. Na máxima, chegou a 131.083,66 pontos. O volume financeiro da sessão somou 28,2 bilhões de reais.
Antes da abertura, o IBC-Br, considerado sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB) e calculado pelo Banco Central, mostrou que a atividade econômica brasileira voltou a registrar alta em abril, ainda que abaixo das expectativas.
"Mantemos viés positivo para o segundo trimestre, tanto pelo retorno do auxílio emergencial quanto pela flexibilização das restrições de mobilidade em maio e junho", afirmou o economista do BTG Pactual, Bruno Delalibera.
Em paralelo, reforçando as apostas positivas para a economia no país, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou no domingo a antecipação em 30 dias do calendário de vacinação contra covid-19 no estado.
"O calendário antecipado de vacinação impulsionará o crescimento do PIB em 2021", estimaram os economistas do Credit Suisse Solange Srour e Lucas Vilela.
Wall Street fechou com o S&P 500 e o Nasdaq nas máximas, com o mercado em clima de expectativa para o desfecho da reunião do Federal Reserve na quarta-feira, particularmente suas percepções sobre a dinâmica atual da inflação.
"Hoje foi um dia de agenda bem leve, e o mercado foi direcionado por fluxos, principalmente", disse à Reuters Alexandre Netto, head de câmbio da Acqua-Vero Investimentos.
Segundo ele, as expectativas dos mercados estão girando em torno dos encontros desta semana do Comitê Federal de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc, na sigla em inglês) e do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), o que deve se manter até a divulgação das decisões.
Na maior economia do mundo, temores de superaquecimento econômico têm elevado ruídos relacionados a um possível aperto monetário precoce por parte do Fed, o que deixará os analistas atentos ao comunicado do banco.
Já no Brasil, devido a aumento nas expectativas de inflação, "esperamos que o Copom antecipe novo aumento da Selic em 0,75 ponto percentual para a reunião de agosto e retire a mensagem de que a normalização da política monetária deverá manter algum grau de estímulo à atividade", escreveram analistas da Genial Investimentos.
Sua aposta está em linha com a de outros participantes do mercado. Uma pesquisa recente da Reuters com economistas mostrou que o BC anunciará o terceiro aumento consecutivo de 0,75 ponto percentual em sua taxa básica de juros na próxima semana, e possivelmente indicará um ciclo mais agressivo à frente ao abandonar seu compromisso com uma "normalização parcial" da política monetária.
Caso esses dois cenários se concretizem, a tendência é de valorização do real, têm repetido especialistas. "Com o BC subindo juros, o mercado de renda fixa local vai ficando mais atrativo", disse Netto, da Acqua-Vero, referindo-se a operações de "carry trade", uma estratégia que consiste na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros de uma divisa de juro maior (como o real). O investidor, assim, ganha com a diferença de taxas.
"Há ainda a ampla liquidez nos Estados Unidos e na Europa; esse dinheiro vem para países emergentes, como Brasil, e os ingressos levam a uma tendência de alta da moeda local."
Além da política monetária, alguns investidores chamaram a atenção nesta terça-feira para a notícia de que o Senado tem sessão convocada para a votação, na quarta-feira, da medida provisória que trata da privatização da Eletrobras.
Sinais de avanço na agenda de privatizações doméstica tendem a beneficiar o real, uma vez que elevam a perspectiva de ingresso de recursos no Brasil.
Segundo Netto, depois da "super quarta" de decisões de política monetária, que há dias vem dominando o radar dos investidores, o mercado de câmbio doméstico deverá continuar monitorando dados sobre a inflação e a atividade econômica, enquanto, no médio prazo, o foco começará a passar para as eleições presidenciais de 2022.