Barbara lançou um sapato inspirado no home office
Divulgação Insecta ShoesA pandemia do conoravírus assustou, mas não por muito tempo, os empreendedores Barbara Mattivy, dona da Insecta Shoes, e o Filipe Guerra, CEO de negócios da Vizomed.
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A primeira, uma rede de sapatos veganos, lançou um produto em meio à crise, e o segundo, uma plataforma de inteligência artificial para exames de imagem radiológicos, investiu numa degustação gratuita do seu serviço que auxilia na detecção do COVID-19.
Barbara fechou suas três lojas físicas, duas em São Paulo e uma em Porto Alegre, no dia 16 de março, respeitando o pedido de isolamento social.
"As lojas representam 50% do nosso faturamento, e o comércio eletrônico os outros 50%. Além de nos preocuparmos com as vendas nesse período, tínhamos outra questão importante para resolvermos. Trabalhamos com pequenas empresas familiares que dependem da marca para sobreviver."
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A empresária viu as vendas despencarem logo no início da pandemia, chegando a um terço do normal, na primeira semana.
Barbara, então, começou a ligar para os clientes para ver o que estavam usando em casa e viu que a maioria calçava chinelo ou pantufa.
Daí surgiu a ideia de criar a Chitufa, que é uma mistura de pantufa com chinelo, feito de forma artesanal e com excedentes da indústria, assim como os demais itens.
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Em apenas duas semanas o produto foi criado e fotografado para iniciar as vendas. No primeiro dia de comercialização, a empresa conseguiu atingir 30% da meta que tinha estabelecido para o mês.
O lançamento, também, tem uma responsabilidade social: 6% de todo faturamento do novo produto será doado para Paraisópolis, favela da zona sul de São Paulo, para a compra de água e itens de higiene.
Bárbara conta que, para não investir em estoque neste momento de crise, os sapatos são feitos sob encomenda.
Apenas quando um cliente faz o pedido no site, inicia-se a produção, que leva dois dias. Ele, então, é despachado na sequência para a casa do cliente.
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A Chitufa não será o único lançamento da empresa em meio à pandemia. A pantufa da marca está prevista para chegar ao mercado no dia 28 de abril, com foco no Dia das Mães.
"Sempre disse que empreender é o maior desafio de resiliência que tive na vida. Agora, com a pandemia, isso está sendo testado ainda mais. Mas gosto de ser desafiada, sou movida por desafios", diz.
A Viziomed conseguiu manter o faturamento em meio à crise ao fornecer tecnologia gratuita para os hospitais de campanha e outros que estão atendendo pacientes diagnosticados com covid-19.
Começou a pandemia com 12 clientes, e hoje tem 19.
Por ser uma plataforma de inteligência artificial que atua com imagem - mamografia, tomografia, radiografia, entre outros - ela começou a oferecer a tecnologia para análise de exames de raio-x do tórax.
Filipe abriu degustação gratuita dos seus serviços
Divulgação/VizomedEsse exame é o mais utilizado na triagem de pacientes diagnosticados com covid-19. A ideia é auxiliar na detecção de lesões respiratórias provocadas pela doença.
O site, criado em parceria com a Prevent Senior, realizou 11 mil exames de raio-x de tórax em, apenas, 45 dias.
"A inteligência artificial ajuda o médico a acelerar o diagnóstico. Se encontra alguma anormalidade no raio-x, ela pede para o médico mais atenção em um local por apresentar um possível nódulo ou pneumonia, por exemplo", conta Filipe Guerra.
Em uma semana, após o lançamento do site, a empresa recebeu 107 acessos para testar a tecnologia. Desse total, 40 médicos pediram a instalação gratuita no hospital.
"O raio-x de tórax é o exame de triagem do covid-19. Com o uso da inteligência artificial, em 60% a 70% dos exames já é possível identificar a lesão gerada pela doença e ajudar o médico a acelerar a tomada de decisão."
"Nossa expectativa é de 125 hospitais estarem utilizando o nosso produto até junho. Após o período de pandemia do coronavírus, vamos fechar o acesso e negociar o preço. Quem usou e gostou, não vai querer perder."
Outra empresa, a Lenscope, que realiza vendas e trocas on-line de lentes para óculos, registrou o aumento de 26% nos pedidos durante o início do isolamento social.
Para Cassia Godinho, consultora do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), inovar e se arriscar em momentos de crise para reverter um cenário de baixas vendas tem mais a ver com o perfil do empreendedor do que com o negócio em si.
A consultora cita alguns exemplos.
"Tem muita gente colocando vídeos na internet reclamando da raiz do cabelo. Já vi cabeleireiros fazendo videoconferência para ensinar as clientes a pintar corretamente. Muita gente tem medo de engordar, dá para investir em soluções para elas", sugere.
A Tratabem, rede especializada em assistência e manutenção de piscinas, aumentou as vendas de produtos químicos por delivery. O crescimento chegou a 50% em muitas lojas, segundo a franqueadora.
A Maple Bear, rede de ensino bilíngue, também conseguiu manter o seu faturamento. De acordo com a franquia, por trabalhar com contratos anuais de prestação de serviços contínuos, todas as aulas interrompidas poderão ser repostas. Há, também, a possibilidade de ensino a distância.
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Outra franquia que identificou o aumento nas vendas de alguns produtos, segundo o diretor Adriano Oliveira, foi a É Seguro. Ele cita como exemplo o crédito consignado, cuja procura cresceu 30% nos últimos dias.
Na Ecoville, rede de produtos de limpeza, as vendas delivery tiveram um crescimento de 80%. Com as lojas físicas fechadas, os franqueados estão utilizando o Whatsapp para vender.
A Credfácil, rede de serviços financeiros, registrou um crescimento médio de 20% no seu faturamento de março. Além disso, prevê uma expansão de 40% em abril. O motivo é o aumento da procura por crédito consignado.