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Fim das restrições e reabertura vão deixar serviços mais caros

Segmento responsável por um terço dos gastos familiares tende a ser o vilão da inflação nos próximos meses

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Demanda por serviços deve aquecer nos próximos meses
Demanda por serviços deve aquecer nos próximos meses Demanda por serviços deve aquecer nos próximos meses

Segmento mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, os serviços devem se beneficiar da redução das medidas restritivas e se tornar um dos grandes vilões da inflação nos próximos meses.

A percepção ocorre devido ao processo de retomada econômica aliado da vacinação em massa da população, o que deve guiar o processo de reabertura de shoppings, bares, restaurantes e salões de beleza e ampliar a busca por atividades turísticas.

“A medida que a nossa economia volta ao normal e o isolamento social se enfraquece, é natural que o setor de serviços repasse os custos que ficaram acumulados desde o início da pandemia”, explica André Braz, economista responsável pelos índices de preços do Ibre/FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas).

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, avalia que alguns segmentos dos serviços ainda "continuarão muito amassados" e os preços não devem avançar de maneira coletiva no setor. "A inflação dos serviços está muito mais associada a insumos do que à recuperação efetiva do setor", analisa.

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Braz afirma que o setor de serviços é responsável por cerca de um terço dos orçamentos familiares e ressalta que muitos empresários ainda não repassaram aos consumidores os saltos das contas de luz e dos combustíveis. “A demanda ainda não está tão forte e temos uma taxa de desemprego elevada segurando o consumo”, analisa ele.

O repasse leva em conta a adoção da bandeira vermelha patamar 2 na cobrança das tarifas de energia elétrica com um custo adicional de R$ 9,49 a cada 100 quilowatts-hora consumidos, valor 52% superior ao cobrado anteriormente até junho. Outro impacto vem do salto de mais de 30% do IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), utilizado no reajuste da maioria dos aluguéis no Brasil.

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As recentes altas de preços do setor surpreenderam até mesmo o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto. Ele afirma que a autoridade monetária acompanha as variações com atenção. “Estamos começando a ver uma atividade maior e como isso impacta preços. Tivemos surpresa na inflação de serviços recentemente”, afirmou na última quinta-feira (20) ao citar outros saltos inesperados nos preços ao longo dos últimos meses.

Passagens aéreas já saltaram mais de 35% em julho
Passagens aéreas já saltaram mais de 35% em julho Passagens aéreas já saltaram mais de 35% em julho

Entre os serviços, as principais altas recentes foram motivadas pelo preço das passagens aéreas, que saltaram 35,22% somente no mês de julho, mas ainda acumulam perda de 25,89% no ano, de acordo com dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

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Para Sanchez, a alta no preço dos bilhetes é puxada ainda pelo baixo número das aeronaves em circulação e tem espaço para subir ainda mais com o aumento da procura pelos voos. "É o movimento ainda distinto [em relação aos outros segmentos]", aponta ele.

Braz, da FGV, analisa que o aumento do número de viagens vai ainda provocar um efeito cascata nos serviços relacionados. “Junto com os preços das passagens vêm os preços da hotelaria, dos pacotes turísticos, das salas de espetáculos e dos cinemas. É um retrato mesmo da normalidade”, aponta ele.

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