Governo avalia redução de imposto sobre combustíveis, diz ministro
Paulo Guedes questiona, porém, adoção de medida similar para a gasolina, por causa da "transição para uma economia verde"
Economia|Da Agência Brasil
O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta terça-feira (1º) que o governo avalia a redução moderada de alguns impostos na elaboração da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) dos combustíveis. O objetivo da medida é evitar os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis. Guedes destacou que o governo estuda reduzir impostos sobre o diesel, mas questionou a adoção de medida similar para a gasolina.
“Estamos estudando isso com muita moderação, olhando exatamente para os impostos que poderiam ser moderadamente reduzidos. Pode ser que [em] um [imposto] sobre diesel [se] possa avançar um pouco mais. Mas sobre gasolina, afinal de contas, se estamos em transição para uma economia verde, se estamos em transição para uma economia digital, será que deveríamos subsidiar a gasolina?”, questionou o ministro em evento virtual sobre a economia brasileira realizado pelo banco Credit Suisse.
Segundo o ministro, a proposta seria “autorizativa”, com a adesão de estados para, entre outras medidas, reduzir as alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Como contrapartida, o governo também reduziria impostos federais incidentes sobre o produto, a exemplo da contribuição do PIS/Pasep (Programa de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público) e da Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social).
“Se quiserem reduzir o ICMS, reduzam o ICMS para o Brasil girar melhor em cima do diesel. Por outro lado, se o governo federal também for autorizado — nós arrecadamos em torno de R$ 17 [bilhões], quase R$ 18 bilhões/ano de diesel —, poderíamos reduzir um pouco isso aí também”, acrescentou.
O ministro disse ainda que o problema é político e citou projeto aprovado na Câmara dos Deputados que estabelece um valor fixo para a cobrança do ICMS sobre combustíveis.
Atualmente, o ICMS é calculado como um percentual do preço final. Isso faz com que o imposto flutue conforme o preço nas bombas, subindo quando a Petrobras reajusta os valores nas refinarias e baixando quando ocorre o contrário.
O projeto obriga estados e Distrito Federal a especificar a alíquota cobrada de ICMS sobre cada produto pela unidade de medida adotada (litro, quilo ou volume) e não mais pelo valor da mercadoria, como ocorre atualmente. A proposta aguarda análise do Senado.
"Se eles acharem que têm de limitar o ICMS e sair de ad valorem [percentual conforme o valor da mercadoria] para ad rem [valor fixo] e limitar, em vez de ser 34%, que seja 25%, 20%. É um problema político, eu não entro nessa discussão. Agora é bem-vindo — em vez de pensar só em teto de gasto, pensar em teto de imposto —, eu gosto da ideia”, afirmou.
Os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis geraram uma queda de braço entre o governo federal e os estados. Por diversas vezes ao longo do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro atribuiu aos estados parte da responsabilidade pelo aumento dos combustíveis. O governo federal defende a ideia de que o ICMS seja cobrado como um preço fixo por litro, como ocorre com os tributos federais.
Em meio às afirmações do presidente, os secretários estaduais de Fazenda aprovaram, durante reunião do Confaz (Comitê Nacional de Política Fazendária), a prorrogação até 31 de março do congelamento do ICMS sobre combustíveis, que incide sobre o PMPF (preço médio ponderado ao consumidor final). O congelamento, aprovado em outubro passado, terminaria em 31 de janeiro.
Contudo, os governadores afirmam que o congelamento não é suficiente e argumentam que os elementos centrais do aumento dos combustíveis são a “variação do dólar e a política da Petrobras de paridade com o mercado internacional do petróleo”, segundo carta do Comitê Nacional dos Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal divulgada na semana passada.
Como solução, os estados defendem a criação de um fundo de estabilização dos preços dos combustíveis, que evitaria repasses ao consumidor. Durante o evento desta terça-feira, Guedes manifestou-se contra a criação do fundo. Segundo o ministro, mais de 80% dos fundos de estabilização de outros países "deram errado".