Guerra Israel x Hamas

Economia Guerra não altera previsão de saldo positivo recorde da balança comercial do Brasil, diz FGV

Guerra não altera previsão de saldo positivo recorde da balança comercial do Brasil, diz FGV

Volume de exportações vai superar as importações entre R$ 454,5 bilhões e R$ 467,1 bilhões neste ano, estima Icomex

Agência Estado - Economia
Fluxo comercial do Brasil é "pequeno" com Israel e Palestina

Fluxo comercial do Brasil é "pequeno" com Israel e Palestina

Carla Carniel/REUTERS

A guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza não deve afetar imediatamente o desempenho da balança comercial do Brasil, avaliou o relatório do Icomex (Indicador de Comércio Exterior) divulgado nesta quinta-feira (19) pela FGV (Fundação Getulio Vargas).

O estudo prevê um saldo positivo recorde entre R$ 454,5 bilhões (US$ 90 bilhões) e R$ 467,1 bilhões (US$ 92,5 bilhões) para a balança comercial brasileira em 2023. No relatório anterior, referente a agosto, a previsão era mais modesta, de um superávit de US$ 80 bilhões.

"Não se espera qualquer efeito imediato na balança comercial devido à guerra entre Israel e o Hamas", resume a FGV. "No momento, do ponto de vista do Brasil, a principal questão é a crise humanitária e os possíveis desdobramentos desse conflito. Os impactos irão depender de quanto o conflito possa a se estender para outros países da região, o que teria um efeito negativo para o crescimento da demanda mundial e impactos ainda não previsíveis com clareza no jogo geopolítico mundial."

A FGV lembra que a Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, também aumentou a previsão de um saldo positivo para o ano de 2023 de R$ 427,7 bilhões (US$ 84,7 bilhões) para R$ 469,6 bilhões (US$ 93 bilhões).

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"Num primeiro momento, os possíveis efeitos da guerra entre Israel e o Hamas não devem modificar essas previsões. A guerra entre a Ucrânia e a Rússia teve um impacto mais imediato nas exportações brasileiras, via os canais dos fluxos de commodities, grãos e petróleo. Em adição, havia temores dos efeitos na agricultura, dado que a Rússia era o principal fornecedor das importações de fertilizantes para o Brasil", justifica a FGV.

O documento lembra que o fluxo de comércio do Brasil é "pequeno" tanto com Israel quanto com a Palestina. "O Brasil, como membro do Mercosul, tem um acordo de livre comércio com Israel assinado em 2010 e que entrou em vigor em 2011. Da mesma forma, há um acordo Mercosul-Palestina assinado em 2011, aprovado pelo Congresso em 2018, mas que até agora aguarda sanção presidencial", mencionou.

A FGV ressalta que Israel é destino de apenas 0,2% das exportações brasileiras, 52º colocado na lista de mercados compradores e responde por 0,6% das importações brasileiras, 34º na lista de países que vendem mercadorias para o Brasil. Já a Palestina seria o 134º mercado para as exportações brasileiras, e o 157º mercado das importações.

"Para o Brasil é possível ganhos com o aumento do preço do petróleo, mas deve ser lembrado que o Brasil também importa petróleo. No acumulado do ano até setembro, a participação do petróleo e derivados nas exportações brasileiras foi de 15,3% e, nas importações, de 12,2%", acrescentou o Icomex. 

A balança comercial brasileira registrou um superávit de R$ 360 bilhões (US$ 71,3 bilhões) de janeiro a setembro deste ano, sendo mais da metade desse resultado (52,8% ou US$ 37,6 bilhões) explicado pelas trocas comerciais com a China.

Houve também superávit no acumulado do ano no comércio do Brasil com a Argentina (US$ 4,6 bilhões), com os demais países da América do Sul (US$ 7,9 bilhões) e com a Ásia, excluindo a China (US$ 7,1 bilhões). Por outro lado, o Brasil acumula um déficit de US$ 2,3 bilhões de janeiro a setembro nas trocas comerciais com os Estados Unidos e déficit de US$ 644 milhões no comércio com a União Europeia.

De janeiro a setembro, o volume exportado pelo Brasil para a China cresceu 28,1% ante o mesmo período do ano anterior; para os Estados Unidos 3,6%, para a Argentina 13%, e para a Ásia, excluindo a China, 6%. Houve queda no volume exportado pelo Brasil para a União Europeia (-4%) e para os demais países da América do Sul (-5,8%).

A melhora do superávit da balança comercial brasileira neste ano tem sido explicada pelo aumento do volume exportado e redução no volume importado, enquanto os preços têm recuado para os dois fluxos, observou o Icomex.

De janeiro a setembro de 2023, o volume exportado cresceu 8,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o volume importado caiu 2,7%. O preço das exportações recuou 8,0%, e o das importações caiu 9,2%. Em valores, as exportações caem 0,1% no acumulado do ano, enquanto as importações recuam 11,7%.

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