Ibovespa tem alta de 0,72% e dólar recua 0,25% após votação da PEC
Proposta de gastos extrateto do governo de transição é motivo de receio, pois pode ter reflexos nas contas públicas do país
Economia|Do R7
Nesta terça-feira (6), marcada pela votação da PEC da Transição em comissão do Senado, o Ibovespa fechou em alta de 0,72%, a 110.188,57 pontos, enquanto o dólar encerrou o pregão em queda de 0,25%, a R$ 5,2712 na venda. Mesmo tendo sido aprovada por um valor menor que o original, a proposta da equipe de transição de governo é motivo de receio no mercado, por causa dos reflexos que pode ter nas contas públicas do país.
Na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão, a Bolsa de Valores brasileira), o volume financeiro da sessão somou R$ 24 bilhões e ficou novamente abaixo da média do ano, o que revela um mercado sem muito apetite diante de incertezas locais e no exterior.
Na visão do sócio-diretor da Pronto! Investimentos, Marcelo Castro, a Bolsa experimentou um ajuste, com alguma melhora das ações que tiveram quedas fortes nas últimas semanas. Tal performance, entretanto, ainda está distante de ser chamada de recuperação.
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"Não vejo cenário para mudar o ritmo do jogo no curto prazo. Ainda não temos ministério, nem anúncio de alguma solução fiscal para financiar o estouro do teto", afirmou. Ele também citou o temor do mercado com o risco de recessão em outros locais, como os Estados Unidos.
O dólar, cotado a R$ 5,27, fechou a sessão bem distante da mínima intradiária de R$ 5,2195, quando cedeu 1,23%. O desconforto de investidores com o desenho que está tomando a PEC da Transição compensou o otimismo sobre a reabertura da China.
Além disso, estima-se que as perdas da moeda americana tenham sido desencadeadas por ajustes de posição, na esteira do salto da véspera, quando subiu mais de 1%.
Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora de Câmbio, disse que os momentos de forte queda do dólar frente ao real refletiram o bom desempenho dos mercados chineses, cujos ativos têm reagido bem às esperanças de relaxamento de restrições de combate à Covid-19.
No entanto, o especialista afirmou que as incertezas sobre o ritmo de altas de juros do Federal Reserve limitaram as perdas da moeda americana, assim como os desdobramentos que envolvem a PEC da Transição.
Contexto do dia
Em Brasília, a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado aprovou a PEC da Transição com expansão prevista do teto de gastos em R$ 145 bilhões, para garantir o pagamento do Bolsa Família no valor de R$ 600.
O aval da comissão veio após declaração do relator da proposta, senador Alexandre Silveira (PSD-MG), de que concordava com a redução da expansão do teto em R$ 30 bilhões, em relação ao número apresentado anteriormente, de R$ 175 bilhões.
A PEC segue, agora, para o plenário do Senado, onde deverá passar por dois turnos de votação antes de ser enviada à Câmara dos Deputados. A expectativa é que a votação dos senadores ocorra nesta quarta-feira (7).
Para o economista Alexandre Póvoa, estrategista da Meta Asset Management, tanto faz se são R$ 198 bilhões, R$ 175 bilhões ou R$ 150 bilhões fora da regra do teto de gastos. "Com a queda nas receitas [esperada para o] ano que vem, esses gastos extrateto vão levar inexoravelmente ao déficit primário. E, com o juro no nível em que está, não seria surpresa se o déficit nominal atingisse 10% do PIB", acrescentou.
Em Nova York, o índice S&P 500 recuou pelo quarto dia seguido, com forte queda das ações da Meta e de outras empresas de tecnologia, além de preocupações com a chance de um ciclo de alta de juros mais prolongado nos EUA e o efeito de tudo isso na economia.