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Ibovespa tem pior série desde 1970, com a 12ª perda diária seguida

O principal indicador da Bolsa brasileira fechou o dia em queda de 0,5%; o dólar ficou estável diante do real, cotado a R$ 4,98 na venda

Economia|Do R7, com agências

Ibovespa fecha em queda e tem 12ª perda diária
Ibovespa fecha em queda e tem 12ª perda diária

Apesar de ter começado o dia em tendência de recuperação, o Ibovespa manteve a série negativa nesta quarta-feira (16) e fechou o dia em queda de 0,5%, o 12º pregão consecutivo de baixas. A maior pressão para o recuo veio com o declínio das ações de Eletrobras, Weg e Natura&Co, enquanto os papéis da Petrobras, em alta, evitaram retração ainda maior. 

O índice de referência do mercado acionário brasileiro caiu 0,5%, indo a 115.591,52 pontos e ampliando para 5,21% o declínio em agosto, mês em que nenhuma sessão fechou no azul, até o momento. Na semana, o indicador recuou 2,1%, resultado que contribuiu para limitar o avanço no ano a 5,34% .

"Não temos registro de nenhuma sequência de 12 quedas consecutivas do Ibovespa desde 1980", informou Einar Rivero, gerente comercial da TradeMap. De acordo com o AE Dados, o encadeamento de 12 perdas diárias não era visto desde 1970, há mais de 53 anos.

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Na máxima do dia, o Ibovespa chegou a 117.337,65 pontos e, na mínima, a 115.533,58. O volume financeiro no pregão alcançou R$ 48,77 bilhões, em uma sessão também marcada pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro.


Após ter encerrado julho bem perto dos 122 mil pontos, o índice da B3 registrou, com o fechamento abaixo dos 116 mil, o menor nível de encerramento desde 7 de junho, então aos 115.488,16 pontos, o que abre caminho para o prolongamento da correção em curso.

O patamar dos 116 mil pontos era considerado uma referência de suporte importante, que, uma vez rompido, pode levar o Ibovespa ainda mais para baixo, em direção aos 110,5 mil.


Divulgada às 15h (horário de Brasília), a vilã do dia foi a ata da última reunião do Fomc (Comitê Federal de Mercado Aberto, na sigla em inglês). A maioria dos participantes do comitê do Fed (Federal Reserve), o banco central americano, continua a ver riscos significativos de alta da inflação, "o que pode exigir mais aperto da política monetária".

O documento dá sinais de início de um comportamento mais agressivo na política monetária dos Estados Unidos, sobretudo em relação aos juros. Em resposta, a cautela se impôs à tarde em Nova York, com os principais índices de ações se firmando em baixa e acentuando perdas.

Na ata, os dirigentes do Fed destacaram que é "fundamental" que a taxa de juros dos Estados Unidos permaneça em nível restritivo até que a inflação retorne à meta de 2% ao ano, no médio prazo.

Apesar do recado — e da reação vista nos preços do petróleo, em queda em torno de 2% na sessão —, a Petrobras puxou a recuperação parcial do Ibovespa, graças ao peso que tem no índice, com a ON ainda em alta de 2,95% e a PN, de 2,20%, no fechamento.

Um dia depois de a estatal anunciar um aumento nos preços da gasolina e do diesel para as refinarias, válido a partir desta quarta-feira, o sinal negativo para WTI e Brent na sessão não deixou de ser benéfico para as ações da Petrobras, na medida em que contribui, também, para reduzir a defasagem entre os preços domésticos e as cotações internacionais da commodity.

"A ata do Fed veio um pouco mais hawkish, na medida em que eles entendem que mais uma alta de juros pode ser ainda necessária. Por outro lado, mostra também que alguns dirigentes já tinham pensado em parar na última decisão, pelo efeito defasado da alta de juros sobre a economia. O que vai definir qual das pontas está certa são os dados, e haverá novas leituras de inflação ao consumidor, ao produtor e também sobre o mercado de trabalho até setembro, quando o Fed volta a deliberar sobre os juros. A ata de hoje ainda deixa em aberto os próximos passos do BC americano", diz Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos.

Para Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, a primeira leitura do mercado foi de aperto adicional nos juros americanos. "Mas, depois, o mercado voltou a reduzir um pouquinho essa possibilidade. Vão continuar acompanhando inflação e dados sobre o mercado de trabalho."

No plano doméstico, analistas afirmam que a atenção está voltada para a questão fiscal, com as expectativas relacionadas à votação do arcabouço e também à proposta do Orçamento de 2024.

Dólar fica estável

O dólar fechou o dia praticamente estável ante o real, cotado a R$ 4,9874 na venda, com variação negativa de 0,01%. Investidores tiveram os lucros mais recentes durante boa parte da sessão e reagiram também ao noticiário externo, com novos dados fracos da China.

Na B3, às 17h26 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,01%, a R$ 5,0005.

Pela manhã, os mercados no exterior operavam em meio ao receio de que a desaceleração chinesa possa se aprofundar. Números oficiais divulgados nesta quarta mostram que os preços das novas moradias na China caíram em julho pela primeira vez neste ano. O setor imobiliário responde por cerca de um quarto da atividade econômica do país.

O temor de que as dificuldades se propaguem no setor financeiro chinês aumentou depois que a financeira Zhongrong, no fim de julho, deixou de pagar dezenas de produtos de investimento.

No entanto, a mídia estatal chinesa afirmou, também nesta quarta-feira, que o país fortalecerá a coordenação de várias políticas para impulsionar o crescimento e atingir a meta econômica anual. A perspectiva de que Pequim possa sustentar o crescimento deu um certo suporte a algumas moedas de países exportadores de commodities, como o real.

Mas o movimento do câmbio no Brasil, na visão de Evandro Caciano, head de câmbio da Trace Finance, esteve mais ligado à realização dos lucros recentes por parte de alguns investidores. “Tinha muito estrangeiro comprando, então era hora de realizar. Essa recuada de hoje é técnica, eu esperava que ela chegasse amanhã, mas veio antes”, comentou.

Ele diz que os investidores perceberam o pouco espaço que o dólar futuro tem, por enquanto, para ir além dos R$ 5. Esse dólar é o mais líquido no mercado brasileiro e, no limite, o ativo que determina as cotações no mercado à vista. 

Depois das 15h, quando foi divulgada a ata do Fed, o dólar se firmou em alta ante uma cesta de moedas fortes e passou a subir diante de várias divisas de países emergentes ou exportadores de commodities.

No Brasil, a moeda americana à vista se reaproximou da estabilidade, praticamente apagando o recuo visto mais cedo. Às 17h26 (de Brasília), o índice do dólar, que mede o seu desempenho perante uma cesta de seis divisas, subia 0,25%, a 103,470. 

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