Ibovespa tem a 10ª queda seguida, maior sequência de perdas desde 1995
No período, o principal índice da Bolsa acumula baixa de 4%; a série negativa ainda é insuficiente para reverter os ganhos de 2023
Economia|Do R7, com Reuters
O Ibovespa, o principal índice de ações da Bolsa brasileira, engatou nesta segunda-feira (14) o décimo pregão consecutivo de perdas. A sequência negativa, que não era vista desde fevereiro de 1995, é motivada por temores de investidores com a inflação global e pela onda de correções em meio aos ganhos robustos registrados no primeiro semestre.
No fim dessa sessão, o Ibovespa fechou em baixa de 1,06 %, e o volume financeiro somava R$ 22,3 bilhões.
Desde a última alta, registrada no dia 31 de julho, as perdas superam os 4%, de 121.942,98 para os atuais 116.809,55 pontos. Caso o índice termine mais uma vez no vermelho nesta terça-feira (15), essa série de baixas será igualada à maior desde fevereiro de 1984.
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A sequência negativa, no entanto, é insuficiente para reverter o ganho acumulado de 11,1% do índice de referência nos primeiros sete meses de 2023, de 109.734,60 para 121.942,98 pontos. Somente no primeiro semestre, a alta do Ibovespa totalizou 7,6%.
"Acreditamos que as recentes quedas, nos últimos dez dias, acontecem porque o mercado já projetava um corte de juros um pouco mais agressivo por parte do Copom [Comitê de Política Monetária, do Banco Central] para as próximas reuniões. Após a divulgação do corte, o mercado entrou num modo de realização de lucros, chegou a pressionar a curva de juros, estimando um corte de -0,75% em alguma reunião deste ano", analisa Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital.
Ele afirma que essa expectativa acabou sendo frustrada pelo presidente do BC e pela ata do Copom, em que ficou subentendido que devem ser mantidos os cortes de -0,5%, já contratados pelo mercado até o fim do ano. "Isso fez muitos investidores venderem suas posições."
Desde o começo de agosto, investidores estrangeiros venderam mais ações brasileiras do que compraram, com o saldo negativo, acumulado até o dia 10, em quase R$ 6,6 bilhões, em dados que excluem as ofertas de ações.
Fernandez diz que é difícil dizer o que esperar para as próximas semanas, já que nesta segunda-feira termina a temporada de balanços do segundo trimestre de 2023. "Agora as atenções se voltam para a política e a aprovação do novo arcabouço fiscal. Esses fatores podem ditar os próximos rumos do Ibovespa", finaliza.
Dólar sobe mais de 1% ante real
O dólar à vista teve alta firme ante o real nesta segunda, acima de 1,26%, e fechou o dia cotado a R$ 4,9662 na venda. Foi a sétima alta em agosto, em um total de dez sessões, com acúmulo de ganho de 5,01% no mês para a moeda americana.
Esse desempenho resulta da preocupação dos mercados globais com a desaceleração do crescimento da economia da China, importante compradora das commodities brasileiras, mais especificamente com o setor imobiliário chinês.
Na B3, às 17h12 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,18%, a R$ 4,9820.
À cautela com a China somou-se a possibilidade, ainda presente nas mesas de negociação, de que o Federal Reserve, o banco central americano, eleve mais uma vez a taxa de juros dos Estados Unidos em 2023, para segurar os preços no país.
Na sexta-feira (11), o Departamento do Trabalho dos EUA informou que o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) para a demanda final subiu 0,3% em julho, ante a variação zero do mês anterior. Nos 12 meses até julho, os preços ao produtor aumentaram 0,8%, após uma alta de 0,2% em junho.
Nesse cenário, desde cedo o dólar apresentava ganhos consistentes ante as divisas de países emergentes e exportadores de commodities. A moeda americana também avançava frente às divisas fortes.
No Brasil, o dólar à vista oscilou em alta durante todo o dia. Às 9h17, marcou a mínima de R$ 4,9105 (+0,12%) e, ao longo da sessão, escalou patamares mais elevados, até a máxima de R$ 4,9720 (+1,38%), às 16h10. Esse avanço firme sustentou a alta das taxas de contratos futuros de juros nesta segunda-feira.
Enquanto as preocupações com a China conduziram as cotações do dólar, o mercado também monitorou os desdobramentos da vitória do candidato de direita Javier Milei nas eleições primárias da Argentina.
Em meio à pressão, o banco central argentino anunciou uma desvalorização de quase 18% de sua moeda, com a fixação da taxa de câmbio em 350 pesos por dólar até a eleição geral de outubro. Além disso, elevou a taxa básica de juros de 97% para 118% ao ano.