Indústria gaúcha pede ao governo estratégia diplomática para evitar escalada com os EUA
Em reunião com Alckmin, Fiergs defende prorrogação de tarifas e rejeita retaliações; carta alerta para risco de desemprego
Economia|Clarissa Lemgruber, do R7, em Brasília

A Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul) entregou nesta segunda-feira (21) ao vice-presidente Geraldo Alckmin um pedido formal para que o governo brasileiro priorize a diplomacia na tentativa de reverter o tarifaço imposto pelos Estados Unidos.
A entidade defende a prorrogação do prazo para entrada em vigor das novas tarifas — previstas para 1º de agosto — e recomenda que o Brasil evite retaliações ou escaladas comerciais.
Durante a reunião, realizada no Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente da Fiergs, Claudio Bier, alertou para os efeitos já visíveis do impasse nas exportações.
“Clientes estão cancelando encomendas, cargas estão paradas em portos ou em navios no meio do caminho. Essa situação logo vai gerar desemprego, paradas na produção, férias forçadas e todos os efeitos nocivos que conhecemos”, disse.
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Segundo estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) divulgado pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias), o Rio Grande do Sul deve ser o segundo estado mais afetado pelas tarifas, com uma estimativa de queda de R$ 1,9 bilhão no PIB (Produto Interno Bruto) em um ano.
As indústrias mais atingidas incluem os setores de máquinas, metalurgia, químicos, móveis, celulose, couro, calçados e plásticos.
De acordo com a Fiergs, cerca de 1.100 indústrias gaúchas exportam para os EUA, o que representa 10% do total nacional, e empregam mais de 145 mil trabalhadores diretamente.
Na carta entregue ao governo, a federação destaca três pedidos principais:
- Manutenção das tarifas atuais para exportações brasileiras aos EUA, evitando a entrada em vigor do aumento anunciado;
- Prorrogação por ao menos 90 dias do prazo das novas tarifas, permitindo negociações técnicas e diplomáticas;
- Evitar medidas de retaliação comercial, priorizando o diálogo e a preservação das relações históricas com os EUA;
- Evitar retaliações ou escaladas comerciais, priorizando uma estratégia de diplomacia empresarial com foco em argumentos econômicos e na preservação das relações históricas com o mercado norte-americano.
“Perdemos aqui, mas eles perdem lá porque não se consegue fornecedor do dia para a noite. Lá também haverá perdas de empregos, aumento de preços e outros impactos”, afirmou Bier, ao relatar que empresários brasileiros estão dialogando com parceiros comerciais norte-americanos para reforçar o efeito negativo das tarifas nos dois lados.
Alckmin, por sua vez, reforçou que o governo federal aposta na negociação como principal caminho.
“Ficou claro aqui que o impacto social e financeiro para o RS é muito grave. Precisamos continuar tentando sensibilizar os empresários americanos de que o tarifaço também será prejudicial para os EUA”, afirmou o vice-presidente, mencionando também a possibilidade de ação jurídica internacional, como a usada por exportadores de suco de laranja.
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