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Inflação e crise hídrica ameaçam crescimento econômico do Brasil

Recuo das expectativas do mercado financeiro deve ser consolidada pela queda de 0,1% do PIB no 2º trimestre

Economia|Alexandre Garcia, do R7

Apostas de crescimento econômico para 2021 e 2022 devem recuar nas próximas semanas
Apostas de crescimento econômico para 2021 e 2022 devem recuar nas próximas semanas

A inflação acima do teto da meta do governo, a pior crise hídrica dos últimos 91 anos e o clima eleitoral antecipado devem frustrar as expectativas de retomada econômica após a pandemia do novo coronavírus. A primeira sinalização foi dada nesta quarta-feira (1º), com a queda de 0,1 % do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre.

Diante do cenário adverso, os economistas do mercado financeiro consultados semanalmente pelo BC (Banco Central) já cortaram pela terceira vez consecutiva a previsão para o crescimento das riquezas brasileiras neste ano, para 5,22%. Em 2022, as revisões apontam para um PIB de 2%.

O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, afirma que a produção das riquezas entre abril e junho foi pior do que o esperado e deve trazer novas revisões para o desempenho econômico para este ano. "O mercado foi surpreendido para baixo e as estimativas continuarão a diminuir", analisa ele.

Em relatório divulgado no início da semana, a consultoria de risco Eurásia avalia que a falta do volume de chuvas no Brasil pode se estender para 2022. De acordo com a análise, a situação o crescimento econômico esperado para o pós-pandemia e, consequentemente, as chances de reeleição do presidente Jair Bolsonaro.


Para o economista Roberto Dumas, do Insper, a maior parte do crescimento econômico esperado para este ano representará apenas o que ele classifica como "herança estatística" das perdas anteriores. "Se você unir 2020 e 2021, não vai dar um crescimento maior do que 1% ou 1,5%", afirma.

Na percepção de Dumas, o desempenho abaixo do esperado do PIB reflete um "cenário cada vez mais desafiador" e será amplamente influenciado pelo aumento dos preços. "Estamos no risco de chegar em uma inflação de dois dígitos, o que significa mais juros, maior spread dos bancos, menos consumo e menos investimentos. Isso neste ano, imagina para o ano que vem, quando teremos uma alta octanagem eleitoral", observa ele. 


A decisão do BC de elevar a Selic como forma de conter a inflação também é citada pelo coordenador da comissão de política econômica do Cofecon (Conselho Federal de Economia), Fernando de Aquino Fonseca Neto, como um dos limitadores do crescimento econômico do Brasil.

"A alta dos juros é motivo para desincentivar um crescimento econômico maior, porque retira os estímulos aos investimentos, ao consumo a crédito e termina desincentivando o ritmo da atividade econômica", destaca Aquino.


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Dumas vê que a inflação vai atingir, principalmente, as famílias de renda mais baixa, que têm os gastos relacionados com os preços de alimentos, combustíveis e energia elétrica. “Com o preço desses bens subindo, afeta mais ainda o bolso do mais pobre, que é aquele com maior propensão marginal a consumir", diz ele. "Aquele que mais consome vai ser prejudicado. Essas altas de preços só vão aumentar a desigualdade mais ainda”, completa o economista.

Sanchez reforça que o atual cenário econômico do Brasil traz "tudo e mais um pouco" em termos negativos e destaca que a aposta é de crescimentos "pouco expressivos" para os dois últimos trimestres de 2021. "Era de se esperar que a saída da pandemia gerasse um incentivo no terceiro e no quarto trimestre, mas não é isso que vem sendo desenhado de maneira tão pujante", ressalta ele.

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