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Mercado mantém cautela para 2023, mas considera Brasil 'bola da vez' de investimentos externos

Relatório feito por especialistas, com projeções para o próximo ano, prevê desaceleração do crescimento econômico mundial

Economia|Mariana Botta, do R7

Painéis da NYSE (New York Stock Exchange), a Bolsa de Valores de Nova Iorque, nos EUA
Painéis da NYSE (New York Stock Exchange), a Bolsa de Valores de Nova Iorque, nos EUA

A manutenção da Selic, a taxa de juros oficial da economia brasileira, em 13,75% pela terceira vez seguida, após a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central), na quarta-feira (7), levou especialistas do mercado financeiro a adotar posição de maior cautela em relação à Bolsa e nas projeções sobre os melhores investimentos para 2023. 

Em relatório divulgado nesta quinta (8), economistas e estrategistas da XP Investimentos afirmam que, diferentemente deste ano, em que a preocupação foi com a inflação, em 2023 devem sobressair as incertezas em relação ao crescimento das principais economias do mundo, como os EUA e a Europa, uma vez que vários indicadores antecedentes apontam para uma possível recessão em países desenvolvidos. 

"Dados compilados pela Bloomberg mostram que o crescimento econômico mundial deve desacelerar para 2,1% em 2023, vindo de 2,9% em 2022. Caso haja uma recessão global, essas projeções podem se mostrar ainda elevadas", diz o documento.

Especialistas da XP revisaram a projeção para o Ibovespa no fim de 2023 para 125 mil pontos (em vez dos 135 mil pontos previstos anteriormente). Apesar do bom valor e do potencial de alta, os riscos ficam por conta da expectativa de recessão, que pode vir na esteira de políticas monetárias contracionistas nas principais economias.


Com esse cenário, o Brasil aparece como a 'bola da vez' para investidores estrangeiros no próximo ano, ao lado do México, comentou Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head do research da XP, durante a apresentação do relatório. "Os dois países aparecem como boas opções para investidores globais, o Brasil por causa do preços das commodities e dos papéis baratos. Já os investidores locais devem preferir a renda fixa e não variável, por causa dos juros altos", explicou.

Os economistas da empresa de investimentos também citam como vantagens o fato de o país estar longe de tensões geopolíticas, poder se beneficiar da reabertura da economia chinesa após as restrições da política de Covid zero, e a boa recepção internacional à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Também são positivas a desaceleração gradual da inflação e o investimento como percentual do PIB (no maior nível em sete anos), que sugere crescimento potencial mais forte à frente (estimado em 2% ao ano). A manutenção desse quadro, dizem, exige estabilidade fiscal.


Internamente, a principal ameaça citada no relatório está na trajetória de política fiscal, que é incerta e deve manter a volatilidade do mercado em alta. "Sem uma regra clara e crível para os gastos, a dívida pública não se estabilizará no futuro previsível, pressionando a confiança dos empresários e as expectativas de inflação", diz o documento, com a ressalva de que ainda é cedo para dizer qual será a política fiscal do terceiro mandato de Lula na Presidência.

Ainda em relação ao governo eleito, Paulo Gama, analista de política da XP, avalia que a oposição no Congresso não parece ser muito maior que a enfrentada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e, por isso, não se espera dificuldade na formação de base. "Não houve grande dificuldade para a aprovação da PEC da Transição no Senado, e até partidos como o PP, PL e Republicanos já articulam algum tipo de apoio à nova gestão", comentou. 


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"Lula foi eleito com o desafio de conciliar duas promessas: uma agenda de expansão de gastos, mas lastreada em responsabilidade e previsibilidade", diz o relatório que, mais adiante, afirma que o período de transição já começou com uma plataforma expansionista. 

No documento, os especialistas dizem que, no Brasil, a relação entre a dívida e o PIB está em níveis elevados, com as pressões sobre os gastos em crescimento. Para o governo estabilizar a dívida pública, precisa criar uma regra clara para os gastos, o que pode garantir a confiança dos empresários.

"A sustentabilidade fiscal é a chave para o equilíbrio macroeconômico", diz o relatório. "Para 2023, assumimos uma expansão de despesas de R$ 140 bilhões acima do teto, que levará a déficits e elevação da dívida." Os economistas da XP também projetam que, no fim do ano que vem, o dólar estará valendo R$ 5,30, "possivelmente porque a piora do quadro fiscal deve continuar pesando sobre a taxa de câmbio".

Além disso, os especialistas dizem acreditar que o Copom deve manter a taxa de juros em 13,75% até o fim de 2023, em resposta à política fiscal mais expansionista do novo governo. "E a política monetária de 2024 dependerá de uma nova âncora fiscal, com maior previsibilidade da dívida, podendo levar a Selic, gradativamente, para patamar mais neutro, em torno de 5%", afirmam no relatório.

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