Mercado prevê manutenção dos juros e corte só no 2º semestre
Banco Central decide hoje sobre a taxa de juros da economia do Brasil; o anúncio será feito às 18h
Economia|Do R7, com Estadão Conteúdo
A taxa básica de juros da economia brasileira é "o preço do dinheiro" no país. Se ela aumenta, fica mais caro conseguir empréstimo bancário, por exemplo. O índice, porém, deve permanecer como está, na visão dos analistas do mercado financeiro.
Essa projeção foi unânime entre as 45 instituições ouvidas pelo Estadão. A maior parte, somadas 24 delas, imagina o início dos cortes no segundo semestre. Seis delas estimam diminuição ainda neste primeiro semestre. Já para as outras 15, os cortes ocorrerão só em 2024.
A mediana de todas as projeções aponta que a Selic deve terminar este ano em 12,5%, chegando a 10,25% no fim de 2024 e a 9% em 2025.
Carlos Lopes, economista do Banco BV, projeta o início dos cortes da Selic no terceiro trimestre, levando o juro a 12% no fim do ano. Para ele, o cenário de inflação atual não permite que o Copom comece — nem mesmo sinalize — reduções nas duas próximas reuniões.
"Os núcleos [de inflação] seguem altos, com destaque para a inflação de serviços. Apesar da desaceleração do crédito, o mercado de trabalho anda aquecido, e o crescimento da renda têm ajudado a sustentar esses preços", diz.
Para Lopes, a perspectiva inflacionária poderia inclusive postergar o início dos cortes, mas a incerteza com o sistema bancário no exterior "equilibrou" esse risco.
Ele diz que a crise dos bancos ainda está no início e que seria arriscado a autoridade monetária mudar sua estratégia em cima de disso. Esse seria um evento que não se caracterizou, por enquanto, como um problema para a atividade econômica.
O tema, porém, deve ser reconhecido nas próximas comunicações da autarquia, avalia Lopes. Para o economista, a proposta de nova âncora fiscal tampouco deve trazer conforto ao BC.
"Independentemente do desenho, a sinalização do governo é de crescimento real das despesas, ao menos no curto prazo", diz Lopes.
Ele ressalta que a nova política fiscal a ser anunciada pelo governo federal precisará ainda ser "digerido" no Congresso. Isso torna incerto o que efetivamente será aprovado.
'Atrasado'
O economista-chefe do Banco Original, Marco Caruso, manteve a expectativa de redução da Selic a partir do quarto trimestre, para 13%, no fim de 2023.
Apesar do aperto nas condições de crédito com a crise da Americanas e da incerteza em torno do sistema bancário internacional, ele argumenta que não há evidências de haver diminuição drástica na oferta de crédito no Brasil.
"Vejo um encarecimento natural do crédito para pessoa jurídica e um aumento do spread para alguns patamares altos, mas, sinceramente, acho que é natural e esperado que o crédito responda à subida da Selic, foi até um pouco atrasado", diz.
O economista-chefe da Quantitas, Ivo Chermont, espera o início dos cortes da Selic só em janeiro de 2024.
"A inflação não está cedendo, o PIB está meio 'paradão' e as expectativas estão piorando. Não se veem motivos para uma queda dos juros ao longo deste ano", argumenta ele.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.