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Mesmo com impostos zerados, frango, milho e biscoito sobem

Trigo, carne e panificados tiveram leve queda de preços. Fatores externos têm pressionado a inflação dos alimentos

Economia|Camila Nascimento*, do R7

Inflação acumula nos últimos 12 meses alta de 12,2%
Inflação acumula nos últimos 12 meses alta de 12,2%

O governo zerou o imposto sobre alguns alimentos no início de maio para frear o aumento dos preços. A alíquota dos produtos variava entre 7,2% e 16,2%. Mesmo assim, o consumidor não sentiu alívio no bolso, e algumas categorias registraram aumento.

Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), carne, panificados e trigo tiveram leve queda de preços em relação a abril. Já os valores do milho em grãos, frango e biscoito subiram. 

O coordenador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da FGV, André Braz, afirma que não é em todos os casos que a redução de tributos resulta em uma queda nos preços.

“A diminuição das alíquotas é um estímulo que você dá, porque, o imposto sendo menor, a variação do preço fica menos onerosa, havendo mais chances de quem sabe você ter um preço menor na prateleira. Mas existem outros fenômenos ocorrendo em paralelo que influenciam os preços, tornando insuficiente essa redução para uma queda", afirma Braz. Mas ele destaca que zerar o imposto ajudou a atenuar “aumentos ainda maiores”.


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O preço do milho disparou com a queda na oferta, gerada pela guerra entre Rússia e Ucrânia, dois importantes exportadores de commodities. O grão subiu 2,08% em abril, segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Em maio, após uma redução de imposto de 7,2%, a prévia da inflação apontou para um aumento maior ainda (4,21%).

O mesmo acontece com o trigo, que teve 9% em tributações zerados. “A gente importa quase 70% desse item. Esse volume de exportação é prejudicado pela guerra entre Rússia e Ucrânia, grandes produtores de trigo. Isso fez com que o mercado tivesse uma oferta menor. O preço do trigo subiu e, junto com ele, toda a cadeia de derivados, como biscoito, pão, macarrão”, explica o economista.


Segundo o IPCA, a farinha de trigo, que teve uma redução da alíquota ainda maior (10,8%), registrou leve desaceleração no preço em maio em comparação a abril, variando de 7,34% para 6,53%.

Já biscoitos e bolachas tiveram um aumento em maio de 2,02%, maior que no mês anterior (1,78%). A queda na elevação do preço dos panificados foi praticamente nula, os produtos aumentaram 3,31%, em abril, e 3,06%, em maio. Ambas as categorias tiveram 16,2% em impostos zerados.


O preço elevado das commodities, principalmente da soja e do milho, impacta o preço da ração dos animais. O frango teve 9% em impostos zerados, mas subiu 2,13% em maio, percentual superior ao de abril (1,93%). “Essa proteína é criada à base de grãos. Essas commodities estão subindo de novo. Esse aumento de custos mitiga também a possibilidade de o consumidor ver um preço de frango mais baixo”, explica André Braz.

A carne foi o item com a maior redução de abril para maio – o crescimento no valor do produto passou de 1,02% para 0,48%. Mas a queda foi bem inferior à da alíquota retirada (10,08%). O item, além de ser afetado pelo aumento dos insumos da ração, é muito suscetível a fatores externos relacionados ao mercado internacional.

“A carne, por exemplo, está sendo mais exportada e, se o volume de exportação desabastece o mercado brasileiro, isso pode forçar o aumento de preços, o que mais do que compensa a queda no imposto”, ressalta o economista.

A inflação acumula nos últimos 12 meses alta de 12,2%, patamar mais de três vezes superior à meta estabelecida pelo governo para este ano.

* Estagiária do R7, sob supervisão de Ana Vinhas

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