Metade dos reajustes salariais não repõe a inflação em março
Reposição mediana aos trabalhadores foi de 10,8% e confirma 12 meses de aumento real nulo ou negativo, diz salariômetro
Economia|Do R7
A inflação acumulada de 10,8% pelo INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) não foi reposta para metade dos trabalhadores (49,9%), que perderam poder de compra no período.
De acordo com dados do salariômetro divulgados nesta quarta-feira (27) pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), 34,1% das negociações apenas igualaram os reajustes à inflação e somente 16,1% levaram a uma alta real nas remunerações.
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A pesquisa revela ainda que o reajuste recebido pelos profissionais no mês passado foi, em média, de 10,1%, o que representa uma defasagem em relação ao INPC acumulado nos últimos 12 meses.
Na análise mediana, que reduz as distorções entre as maiores e as menores variações, não houve perda real, já que o dado mantém os reajustes iguais ao apurado pelo índice de preços. O resultado corresponde a 12 meses de aumento real mediano nulo ou negativo.
Segundo o levantamento, feito com base em dados do Ministério da Economia, os acordos resultaram em retornos maiores, de 10,5%, que os obtidos em convenções coletivas (10,2%). Com a atualização, o piso médio oferecido aos trabalhadores nas negociações ficou em R$ 1.444.
O salariômetro mostra ainda que as projeções mostram que a inflação deve persistir acima dos dois dígitos ao menos até o mês de setembro. Para o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto, o pico da inflação oficial de preços em 12 meses deveria ocorrer no mês de abril. Ele, no entanto, disse que a autoridade foi surpreendida pelo salto do indicador em março.