Microcrédito e consignado do Auxílio Brasil são investigados, diz presidente da Caixa
Empréstimos lançados em ano eleitoral elevaram o endividamento da população e causaram um rombo nos cofres do banco
Economia|Do R7, com Agência Estado
Assim que assumiu o cargo de presidente da CEF (Caixa Econômica Federal), em janeiro, Rita Serrano tomou a decisão de suspender o empréstimo consignado do Auxílio Brasil e o microcrédito. Foi o que disse a administradora nesta terça-feira (30), em suas redes sociais. Além da auditoria interna do banco, os programas estão sendo investigados por órgãos de controle e fiscalização, que contam com a colaboração da instituição.
No fim do ano passado, a Caixa teve de colocar o pé no freio nas concessões de empréstimos, após desembolsos recordes em programas considerados de forte apelo eleitoral, em benefício do ex-presidente Jair Bolsonaro, como o consignado do Auxílio Brasil. Chamado pelo banco de Consignado Auxílio, ele foi lançado no fim de setembro e entrou em operação entre o primeiro e o segundo turno do pleito para o Planalto.
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O microcrédito, outra iniciativa do governo federal, foi lançado no fim de março de 2022 e recebeu o nome de SIM Digital (Programa de Simplificação do Microcrédito Digital). Em outubro, outra linha de crédito foi criada pelo banco, esta em parceria com o Sebrae: a Caixa pra Elas Empreendedoras.
Segundo a presidente da instituição, o consignado alcançou a "expressiva marca" de R$ 7,6 bilhões concedidos a 2,97 milhões de clientes apenas na CEF (sem contar os demais agentes financeiros). O banco foi o único dos cinco grandes do país a oferecer essa modalidade de empréstimo. Já o programa de microcrédito envolveu mais de R$ 3 bilhões e atendeu 3,86 milhões de empreendedores.
Serrano disse que a inadimplência do Consignado Auxílio se mantém sob controle, visto que os pagamentos são descontados na fonte. Já a inadimplência do SIM Digital ultrapassou 80%, e a maior parte das perdas será coberta pelo Fundo Garantidor de Microfinanças, que utilizará recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
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"Desde o meu tempo como conselheira de administração, manifestei preocupação em relação a essas medidas e as questionei por considerá-las contestáveis, implementadas às vésperas das eleições de 2022, e com um apelo excessivo ao endividamento da população vulnerável."
Apesar dos desafios, que impactaram a manutenção das linhas de crédito no segundo semestre de 2022, a presidente do banco afirmou que a Caixa "se mantém sólida, graças, principalmente, à dedicação e ao comprometimento do corpo funcional do banco".
Entre os desafios que enfrenta, Serrano citou, ainda, as denúncias de abuso sexual contra o ex-presidente da CEF Pedro Guimarães. Ela afirmou que a gestão segue empenhada "em construir uma nova Caixa para um novo Brasil, fortalecendo a governança interna e a transparência em todas as ações".