Mundo pós-pandemia exigirá novos profissionais; saiba quais
Estudo feito pelo Senai busca antecipar necessidades que indústrias e consumidores terão nos próximos anos, para desenvolver cursos nessas áreas
Economia|Marcos Rogério Lopes, do R7
A pandemia de covid-19 deixa inúmeras tragédias sociais e econômicas pelo caminho, mas deve representar também a aceleração de mudanças no mercado de trabalho, com a consequente busca por profissionais qualificados para as novas aspirações de empresas e consumidores.
O Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem) fez uma projeção do comportamento da economia pós-coronavírus e prevê que em até cinco anos surjam novos tipos de profissões para responder não só à maior necessidade de internet ultrarrápida (5G), mas também à cada vez mais comum prática do home office nas empresas.
“Nós havíamos apontado a tendência de surgimento, em médio e longo prazo, de 30 novas ocupações devido à 4ª Revolução Industrial. A pandemia intensificou, de forma dramática, esse processo de atualização tecnológica, o que deve antecipar para 2021 e anos seguintes uma demanda que estava prevista para daqui a cinco ou dez anos”, explica o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi.
Currículo dará espaço para vivências pessoais nas profissões do futuro
O levantamento é feito com base no Modelo Senai de Prospectiva, metodologia que permite identificar as tecnologias que serão utilizadas no ambiente de trabalho e as mudanças na estrutura organizacional em até 15 anos.
O objetivo da projeção é desenvolver cursos que formem pessoas capazes de suprir as demandas de todos os setores industriais.
5G, home office e lives
Com a chegada da tecnologia 5G, prestes a ser implementada no país, com valocidades de banda larga que podem chegar a 10 gigabytes (hoje, a média é 33 megabytes, 300 vezes menos), a tendência é que inúmeros serviços se desenvolvam e exijam pessoas qualificadas para tocá-los.
Os profissionais de telecomunicações, por exemplo, capazes de expandir os sistemas, são os primeiros da fila.
Mas a mudança vai além do sistema em si. A velocidade mais alta da rede deverá desenvolver soluções de automação, expandir a digitalização e, nesse cenário, abrir oportunidades para analistas em soluções de alta conectividade e especialistas em grandes volumes de informações (big data).
Com o home office, que pegou por causa da crise sanitária e tende a ser mantido ou expandido por várias empresas, também será necessário garantir na casa dos empregados velocidade e eficiência.
O orientador de trabalho remoto deve ser um especialista que ajuda trabalhadores a se adequar às ferramentas de informática e às rotinas do teletrabalho, assim como deve estimular medidas para garantir saúde física e mental dos colaboradores.
O 5G vai ampliar ainda oportunidades de empregos para ocupações já existentes, como a dos técnicos em mecatrônica e automação industrial, em eletroeletrônica e eletricistas.
No futuro próximo, o entretenimento on-line vai exigir das empresas a utilização de produtos e sistemas tecnológicos mais complexos, com foco na experiência do usuário.
Em entretenimento entra desde a live de artistas até os jogos de computador e celulares.
Profissionais capacitados para o desenvolvimento de sistemas, programação multimídia, de jogos e ambientes digitais têm tudo, portanto, para ter mercado de sobra.
E-commerce
A venda de produtos virtualmente já parecia ser um caminho sem volta para grandes marcas e varejistas, mas ganhou impulso extra por causa da covid-19.
Se muitas empresas viram no e-commerce uma tábua de salvação durante a paralisação das atividades, precisam investir mais daqui em diante para continuarem na disputa pelos consumidores.
Para isso, quem souber oferecer tecnologia e logística mais modernas vai ter emprego garantido.
As companhias precisarão de um sistema logístico moderno e robusto, com maior controle de integridade (produtos certos no momento certo, local, condição de quantidade e ao custo certo) e aumento da transparência (visibilidade da cadeia de suprimentos).
Esse cenário abre espaço para profissionais que trabalham com a combinação do uso da logística com inovações e aplicativos de dados em tempo real.
O Senai prevê o possível surgimento do especialista em logística 4.0 para trabalhar no monitoramento da oferta de suprimentos de produção, bem como na identificação da demanda pelos produtos fabricados.
Ele precisará atuar ao lado de profissionais de gestão da informação e big data na estratégia produtiva das empresas, desde a compra dos insumos até a distribuição dos produtos.
Por permitir a produção local de peças simples, o aumento da difusão da impressão 3D também poderá influenciar na nova organização das cadeias de suprimentos.
Desenvolvedor de aulas EAD
Com a disseminação e o sucesso dos cursos a distância durante a pandemia, o Senai acredita que essa forma de aprendizado se consolide como uma opção para mais pessoas.
Como a abordagem e os métodos pedagógicos precisam ser diferentes das aulas presenciais, a avaliação é que há espaço para o surgimento da profissão de desenvolvedor de aulas para educação a distância e online.
Além do conhecimento específico, é preciso saber lidar com tecnologias já usadas no ensino, como realidade virtual e aumentada, inteligência artificial e impressão 3D.