Para pagar dívida, Eike abre mão de controle do seu porto de minério

O empresário Eike Batista cedeu o controle de seu porto de minério de ferro para a trading holandesa Trafigura Beheer e para o fundo soberano de Abu Dhabi, Mubadala, em um acordo de R$ 2,17 bilhões (US$ 996 milhões) que tira dívidas de suas mãos e assegura novo investimento no porto.

O esforço mais recente do empresário para evitar o colapso do grupo EBX segue a venda de outros ativos importantes e vem em meio a negociações com os credores da petrolífera OGX, que não pagou juros de R$ 97,01 milhões (US$ 44,5 milhões) de títulos neste mês e, segundo analistas, corre o risco de ir à falência dentro de semanas.

Pelos termos do acordo, a Trafigura e o Mubadala , o maior credor individual de Eike, terão uma participação de 65% na MMX Porto Sudeste, um porto em construção que está programado para começar a operar em meados de 2014.

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O Mubadala, que também detém uma participação na EBX, e a Trafigura entraram em negociações exclusivas sobre os ativos com Eike e a MMX, no mês passado. A MMX vai manter a participação remanescente de 35% no Porto Sudeste.

Trafigura e Mubadala planejam investir R$ 872,08 milhões (US$ 400 milhões) na empresa para financiar a conclusão do porto e do terminal de minério de ferro e irão assumir R$ 1,3 bilhão de dívida da MMX Sudeste Mineração, unidade MMX ligada ao projeto do porto, segundo comunicado da mineradora divulgado na noite de segunda-feira (14).

O grupo EBX, de Eike Batista, tinha valor de mercado de cerca de R$ 130,81 bilhões (US$ 60 bilhões) no início do ano, mas o valor de suas empresas despencou depois de não atingirem metas de produção e lucro e acumularem dívidas.

Em julho, Eike cedeu o controle da empresa de energia MPX para o grupo alemão E.ON. A companhia foi então renomeada para Eneva. Em agosto, o empresário fechou acordo para vender a LLX Logística para a empresa de investimentos norte-americana EIG Global Energy Partners por R$ 1,21 bilhão (US$ 559 milhões).

O porto de minério de ferro, que está localizado no Sudeste do Estado do Rio de Janeiro, terá inicialmente capacidade para transportar até 50 milhões de toneladas métricas do insumo por ano. A empresa tem acordos de transporte de minério com a siderúrgica Usiminas.

A conclusão do negócio envolvendo o Porto Sudeste está sujeita à aprovação regulatória e à conclusão de um plano de refinanciamento da dívida.

A Trafigura e Mubadala também vão pagar aos detentores de units especiais da MMX royalties para o minério de ferro enviado após o porto começar a dar lucro.

Ambas as empresas também fornecerão à MMX Sudeste Mineração instrumento de financiamento de R$ 218 milhões (US$ 100 milhões). A MMX informou que fará uma teleconferência com investidores assim que possível, mas não quis dar uma data exata.