Pequenas editoras buscam inovação para enfrentar queda de 43% no faturamento
Número de leitores no Brasil diminuiu em 6,7 milhões desde 2020, impactando mercado editorial
Economia|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
O mercado editorial brasileiro atravessa um período desafiador. Com a queda do hábito de leitura no país e a concorrência com outras formas de entretenimento, editoras, especialmente as de pequeno porte, precisam encontrar formas de se reinventar para sobreviver. Segundo a edição 2024 da Pesquisa Retratos da Leitura, o número de leitores no Brasil diminuiu em 6,7 milhões desde 2020.
Os dados revelam que 53% da população não leu sequer parte de um livro nos três meses anteriores à pesquisa, sejam eles impressos ou digitais. A redução do público leitor tem impacto direto no faturamento das editoras, que acumulam uma queda real de 43% desde 2006. Para Nathalia Azevedo, analista de projetos de Economia Criativa do Sebrae (RJ), 2025 será um ano decisivo.
“O setor precisa encontrar caminhos para reverter essa crise prolongada. É urgente buscar soluções inovadoras e adaptar-se às novas demandas do mercado”, afirma a especialista.
Diante desse cenário, iniciativas de fomento têm se tornado fundamentais para garantir a sobrevivência das editoras independentes. Desde 2023, o projeto Mercado Editorial e Literatura Criativa, promovido pelo Sebrae, tem oferecido suporte a mais de 150 editoras no estado do Rio de Janeiro, impulsionando a presença de pequenos negócios no setor e estimulando novas estratégias para aumentar a receita.
Uma das participantes da iniciativa é Maria Ines Machado, cofundadora da Perguntar Editora, especializada na publicação de livros infantis e juvenis. Para ela, a valorização da bibliodiversidade e a busca por nichos editoriais podem ser alternativas viáveis para driblar a crise.
“As pequenas editoras têm a oportunidade de estabelecer uma identidade editorial forte e encontrar seu público específico. A bibliodiversidade é uma tendência que ganha força e abre novas possibilidades no mercado”, avalia Maria Ines.
Ela também destaca o papel do Sebrae no processo de fortalecimento do setor, tanto na atualização dos profissionais quanto na viabilização da participação em eventos literários importantes, como a Primavera do Livro e a Feira Literária de Paraty.
Adaptação e inovação como estratégias
Para superar os desafios do setor, especialistas apontam a necessidade de adaptação às novas dinâmicas do mercado. Nathalia Azevedo elenca algumas estratégias que podem ser adotadas por editoras que desejam inovar e ampliar seu alcance:
- Diversificação de conteúdo: explorar diferentes gêneros e temáticas para atrair novos públicos;
- Acessibilidade e nichos: investir em publicações adaptadas e especializadas para públicos específicos;
- Aposta no digital: fortalecer a presença online e explorar novos formatos, como e-books e audiolivros;
- Foco no consumidor final: entender as demandas do leitor e oferecer experiências personalizadas;
- Eventos e engajamento: promover ações que estimulem a leitura, como encontros com autores e feiras literárias.