Produção industrial recua 0,6% em julho, após dois meses sem perdas
Resultado negativo põe o setor responsável por mais de 20% do PIB em um patamar 2,3% abaixo do nível pré-pandemia, diz IBGE
Economia|Do R7
Depois de fechar o primeiro semestre em retração de 0,3%, a produção industrial no Brasil manteve a tendência negativa ao recuar 0,6% em julho, mostram dados revelados nesta terça-feira (5) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
A baixa na comparação com junho reverte a sequência de dois meses consecutivos sem perdas do setor responsável por mais de 20% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional. O setor vinha de uma variação nula em junho (0%) e de um avanço (0,3%) em maio.
O resultado da PIM (Pesquisa Industrial Mensal) mostra que o setor ainda opera em nível 2,3% abaixo do patamar apurado em fevereiro de 2020, último mês sem os impactos da pandemia de Covid-19 na economia nacional, e 18,7% abaixo do ponto mais alto da série histórica, registrado em maio de 2011.
No acumulado dos sete primeiros meses de 2023, a produção industrial tem queda de 0,4%. Já no confronto com o mesmo mês do ano passado, o setor encolheu 1,1%, dado que interrompe dois meses consecutivos de taxas positivas.
Para André Macedo, analista responsável pela pesquisa, o resultado negativo "acentua o movimento de perda de ritmo, especialmente quando comparado com junho e maio" e mostra um perfil disseminado das perdas, com três das quatro grandes categorias econômicas e 15 dos 25 ramos pesquisados apresentando recuo na produção.
Segmentos
As principais influências negativas no mês partiram da produção de veículos automotores, reboques e carrocerias (-6,5%), indústrias extrativas (-1,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,1%) e máquinas e equipamentos (-5%).
Macedo afirma que o resultado intensifica o recuo verificado no setor de veículos em junho (-3,4%). Para ele, o desconto na aquisição de carros zero-quilômetro, patrocinado pelo governo federal, não alterou o cenário nas fábricas. “O que a pesquisa captou pelos dados de junho e julho é que, em um primeiro momento, esse estímulo rebate nas vendas porque o setor já tinha um nível alto de estoque”, explica o pesquisador.
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Já as atividades extrativas interrompem dois meses seguidos de crescimento, que totalizam 4,3% no período entre maio e junho de 2023. Essa queda, entretanto, não altera a trajetória de aumento. “É o setor de principal impacto positivo no resultado do acumulado do ano, com expansão de 7%”, ressalta Macedo.
Outros setores que influenciaram o resultado de julho foram confecção de artigos do vestuário e acessórios (-8%), de produtos de metal (-4,8%) e de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%).
Em alta
Na contramão do resultado geral da indústria, os destaques positivos ficam por conta dos produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,2%), que interrompem três meses consecutivos de queda na produção, com perda acumulada de 17,7%. “É um setor que historicamente tem um caráter mais volátil no que se refere à produção de mês a mês”, ressalta Macedo.
Outros dois ramos que se destacaram foram os de produtos alimentícios (0,9%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,7%). O setor de alimentos marca o primeiro resultado positivo desde dezembro de 2022 (4,4%), impulsionado pelo avanço da expansão de produção de açúcar, soja e carne bovina.
A pesquisa ainda mostra que, entre as grandes categorias econômicas, na comparação com o mês anterior, o resultado de junho foi de queda para bens de capital (-7,4%) e para bens de consumo duráveis (-4,1%). O setor de bens intermediários (-0,6%) também recuou. Por outro lado, o único avanço no mês veio de bens de consumo semi e não duráveis (1,5%), intensificando o crescimento de 0,7% verificado em junho.