Quais são os desafios de Charles 3º e o que ele deve fazer para manter a marca do reinado em alta?
Rabugice e antipatia da primeira semana no trono contrasta com carisma e equilíbrio da falecida rainha Elizabeth 2ª
Economia|Do R7
O novo rei da Inglaterra, Escócia, País de Gales, Irlanda do Norte e de mais 14 estados independentes que integram a Commonwealth (Comunidade das Nações), como Canadá, Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Bahamas, Belize, Granada, Jamaica e Sri Lanka, parece ter começado seu reinado com o pé esquerdo. Na assinatura de sua proclamação como rei, no sábado (10), no palácio de Saint James, em Londres, Charles 3º foi ríspido com um funcionário ao pedir para retirar objetos que estavam sobre uma mesa. Na terça-feira (13), irritou-se novamente, dessa vez ao tentar usar uma caneta para assinar o livro de visitantes do Castelo de Hillsborough, na Irlanda do Norte.
Ele já apareceu com um terno que estava com os botões encaixados incorretamente, foi recebido com vaias no País de Gales por manifestantes contrários à monarquia e, segundo o jornal britânico The Guardian, demitiu por meio de carta cerca de cem funcionários de Clarence House, sua antiga residência, em razão da mudança para o Palácio de Buckingham, o que revoltou parte da população.
Para completar, Simon Dorante-Day, de 56 anos, que afirma ser um filho secreto que o rei Charles 3º teve com Camilla Parker Bowles, apareceu pedindo para fazer um exame de DNA e pleitear seu lugar na sucessão ao trono, criticando a nomeação de William como príncipe de Gales.
Mas nem tudo está perdido! Substituir a mãe, a falecida rainha Elizabeth 2ª, não é uma tarefa fácil, porque ela tinha muito carisma e a simpatia dos súditos, conquistada ao longo dos 70 anos em que esteve no trono. Para o professor Marcos Machado, da FIA Business School, o novo rei pode enfrentar dificuldades para construir uma marca pessoal tão forte quanto à da mãe.
"Ele terá de quebrar algumas resistências e lidar com o apego que as pessoas têm à figura da rainha, afinal ele está substituindo alguém que era muito popular, vamos ver se ele consegue manter esse apelo. Aparentemente, vai ser difícil, porque ele não tem o mesmo carisma", diz.
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O especialista lembra que, além da falta de carisma, Charles 3º tem a imagem um pouco comprometida junto à população do Reino Unido, devido a episódios de sua vida pessoal como a traição e o divórcio da princesa Diana.
Se pudesse dar conselhos ao novo rei para essa fase de transição do poder, Machado começa fazendo uma comparação com o jogador Neymar: "Para ele, o conselho é 'jogue bem, faça uma bela Copa do Mundo, e ganhe a Copa do mundo para o Brasil, seja relevante na sua função'", fala.
Por isso, diz o professor, "dividiria meu conselho para o rei em três partes: a primeira, que ele seja um bom chefe de estado, um bom rei, que, antes de mais nada, é o que mais se espera dele. Em segundo lugar, ele precisa valorizar quem está substituindo, tratar com respeito o antecessor, pegar o bastão. E, por último, participar e promover eventos que possam valorizar a imagem pessoal dele".