Salário de admissão na indústria sobe 4,5% em 2022 e supera o do comércio em quase R$ 500
Remuneração média oferecida aos trabalhadores com carteira assinada avançou para 1.915,16, com impulso do setor industrial
Economia|Do R7
O salário médio de admissão no Brasil subiu 0,94% em 2022, de R$ 1.897,30 para R$ 1.915,16, impulsionado pela remuneração inicial destinada aos profissionais da indústria, que aumentou 4,46%, de R$ 2.058,14 para R$ 2.149,88.
Com a variação, industriais continuam com a maior remuneração média do Brasil, segundo dados revelados pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho. Os números se referem apenas aos profissionais formais, aqueles com carteira assinada.
Na análise entre os grandes setores, o pagamento oferecido no momento da contratação dos industriais no fim do ano passado superava em 29,15% (R$ 485,22) o recebido nas atividades de comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas.
Gabriel Meira, especialista da Valor Investimentos, relaciona o movimento positivo para os trabalhadores da indústria ao processo de retomada registrado pelo setor no primeiro semestre. "Você começou a ter uma recuperação da indústria no fim de 2021, quando os empresários voltaram a contratar. Faz sentido esse nível de aumento, porque, com a elevação do número de funcionários, é necessário aumentar os salários para conseguir atrair os trabalhadores", analisa ele.
Na passagem de 2021 para 2022, também ficaram maiores as remunerações de contratação dos trabalhadores da agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+3,17%, para R$ 1.768,05) e da construção (+3,67%, para R$ 2.076,36).
Por outro lado, os admitidos para atuar no setor de serviços passaram a receber um salário 0,48% menor, de R$ 1.989,48, ante remuneração de R$ 1.999,01 desembolsada aos contratados para o mesmo ramo no fim de 2021.
Para Meira, a discrepância do avanço salarial entre os segmentos econômicos pode ter relação direta com o modelo de contratação adotado pelos empregadores. “No setor de serviços, muitos trabalhadores passaram a aderir ao MEI [Microempreendedor Individual] para serem contratados como pessoa jurídica e prestarem os serviços. Esse movimento impacta os números”, diz Meira ao avaliar que o modelo é inexistente na indústria.
A queda expressiva foi guiada pelas atividades ligadas a informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, que viram o salário de admissão recuar 3,81%, de R$ 2.132,22 para R$ 2.050,94, no ano passado.
O segmento de outros serviços, por sua vez, foi aquele que registrou a maior alta entre os subsetores da economia. Em dezembro, os profissionais da área foram contratados para receber, em média, R$ 2.061,15, valor 6,12% superior ao pago no mesmo mês de 2021.
Desligamentos
O ano passado foi marcado também pelo aumento da remuneração recebida pelos profissionais no momento da demissão. A alta, de 2,45%, elevou o valor de R$ 1.989,86 para R$ 2.038,70.
De acordo com o Caged, o maior salário médio de desligamento entre os grandes setores foi pago aos contratados para atuar no setor de serviços: R$ 2.167,03.
Na sequência, aparecem aqueles que tiveram a carteira assinada para trabalhar na indústria (R$ 2.123,63), na construção (R$ 2.102,80), no comércio (R$ 1.753,37) e na agropecuária (R$ 1.726,03).