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Shein diz que cumpre legislação e que deseja manter preços no Brasil

Modelo de atuação da varejista não depende de estoques, o que barateria operações; empresa vai investir R$ 750 milhões no país  

Economia|Do R7, com Reuters

Escritório da Shein em Singapura
Escritório da Shein em Singapura Escritório da Shein em Singapura

A gigante chinesa de comércio eletrônico Shein disse que pretende manter no Brasil os níveis de preços praticados atualmente, mesmo com o início de uma produção local, compromisso assumido em conversa com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Com a iniciativa, a empresa pretende compensar o aumento nos custos de fabricação, economizando em logística, explicou Marcelo Claure, presidente do conselho da Shein para a América Latina.

A companhia anunciou nesta quinta-feira (20) que fará um investimento inicial de R$ 750 milhões no Brasil nos próximos anos, para estabelecer uma rede de mais de 2.000 fabricantes do setor têxtil. A intenção é que, em 2026, cerca de 85% das vendas do marketplace da empresa no país sejam de mercadorias fabricadas aqui ou vendidas por comerciantes brasileiros.

A Shein atua no mundo inteiro com um modelo de produção que não depende de estoques. Ele funciona por meio de parcerias com fabricantes têxteis e sob demanda.

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Claure, que foi executivo do conglomerado japonês SoftBank e se juntou à empresa de moda no início deste ano, disse que, atualmente, a os produtos são enviados ao Brasil individualmente. A ideia é que a companhia passe a enviar a matéria-prima para cá, onde será feita a fabricação.

"Todas as economias em transporte e logística serão compensadas pelo que acredito ser apenas um custo de fabricação um pouco mais alto. Então, o resultado final [em termos de preço] deve ser exatamente o mesmo ou menor", afirmou.

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Os R$ 750 milhões serão investidos principalmente na transição do modelo de fabricação tradicional para o 'sob demanda' nas fábricas parceiras locais, o que também inclui o treinamento de funcionários e a digitalização da operação.

Leia também: Produtos de sites chineses podem dobrar de preço com fiscalização mais rígida da Receita

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Uma delas é a companhia de tecidos Coteminas, de Minas Gerais, que confirmou nesta quinta ter assinnado memorandos de entendimentos com a Shein. Foi estabelecida parceria envolvendo 2.000 confeccionistas, que passarão a ser fornecedores da plataforma de comércio eletrônico com foco em varejo de moda.

Claure afirmou, ainda, que a Shein não pretende se tornar uma varejista com lojas físicas permanentes. Atualmente, a empresa tem pontos de vendas transitórios no Rio de Janeiro, em São Paulo, Salvador e Belo Horizonte.

100% em conformidade com a lei brasileira

A Shein é uma empresa fundada na China, com sede em Singapura. Durante a pandemia da Covid-19, as vendas da plataforma de e-commerce explodiram no Brasil: segundo estimativas do BTG Pactual, reunidas em relatório do final de janeiro, a companhia faturou R$ 8 bilhões em vendas em 2022, contra R$ 2 bilhões em 2021.

A gigante do varejo é uma empresa fechada, que não negocia suas ações em bolsa de valores e, portanto, não divulga diversos números operacionais e financeiros.

Recentemente, essa companhia, assim como outros marketplaces asiáticos, ficou em evidência no noticiário brasileiro, depois de o governo anunciar que acabaria com a isenção do imposto de importação sobre encomendas de até US$ 50, enviadas do exterior de pessoa física para pessoa física.

Segundo autoridades do ministério da Fazenda e da Receita Federal, esse benefício, conhecido como 'de minimis', existente em vários países, com diferentes tetos, estaria sendo usado ilegalmente por e-commerces internacionais, especialmente da Ásia, para vender produtos mais baratos no Brasil. As companhias estariam enviando as encomendas para cá como se fossem pessoas físicas.

Nesta semana, porém, o governo recuou de suas intenções, após pesadas críticas de consumidores nas redes sociais, contrários a um possível aumento nos preços de produtos de varejistas como a Shein, Shopee e AliExpress.

Questionado sobre o suposto uso feito pela Shein do 'de minimis', Claure disse que a empresa opera "100% em conformidade com a atual legislação brasileira de importação de produtos".

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Para ele, houve "confusão" e "falta de entendimento" sobre o modelo de negócios da Shein, o que foi acertado na reunião com Haddad, na tarde de quinta-feira.

"Tudo o que pedimos foi: regras claras e igualdade de condições, para que possamos competir de forma justa, e acho que todos estão felizes do jeito que está indo", disse, afirmando que o governo se comprometeu com as regras claras, e a empresa, a cumpri-las.

Segundo o executivo, a decisão de recuo do governo foi correta. "Acho que foi a coisa certa a fazer, porque muitas pessoas dependem do que compram, do que vestem, com base na Shein e nos produtos que importam de Shopee, AliExpress, e de todos esses diferentes marketplaces altamente eficientes", finalizou.

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