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Tarifaço: exportadores estão mais cautelosos e preferindo atrasar viagem aos EUA

Diversas mercadorias estão paradas nos portos brasileiros; outros exportadores apressaram a viagem para chegar antes da nova tarifa

Economia|Do R7

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RESUMO DA NOTÍCIA

  • Exportadores brasileiros estão retendo mercadorias nos portos devido à incerteza sobre novas tarifas nos EUA.
  • A tarifa de 50% proposta por Donald Trump entra em vigor em agosto, e o Brasil tenta reverter a situação.
  • Os setores mais afetados incluem agronegócio, com produtos como café, suco de laranja e carne bovina retidos.
  • O governo brasileiro negocia alternativas para mitigar o impacto das tarifas e evitar tensões comerciais.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Cargas estão retidas no Porto de Santos Porto de Santos/ divulgação

Os exportadores brasileiros estão preferindo segurar as mercadorias nos portos do que enviá-las para os Estados Unidos por não saberem como serão taxados ao chegar no país, enquanto alguns outros estão tentando acelerar para chegar no país antes da taxação. A tarifa de 50% anunciada pelo presidente Donald Trump entra em vigor em 1º de agosto, mas o governo brasileiro ainda tenta reverter a medida. Como o tempo médio de viagem é de 20 dias, as mercadorias correm o risco de já serem taxadas quando chegarem lá.

“Houve uma queda nos embarques previstos e os exportadores estão mais cautelosos. Para alguns produtos, principalmente os de maior valor ou com margem apertada, muitos têm preferido segurar a carga nos portos ou centros logísticos, esperando alguma definição ou melhora no cenário. Mas essa escolha também gera custos extras com logística e pode causar acúmulo e atrasos”, destaca Hugo Evangelista, diretor do Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos. Segundo ele, o setor mais afetado é o agronegócio, “especialmente nas exportações de café, suco de laranja e carne bovina”.


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Pelo menos 58 contêineres de pescado, além de frutas, sucos e carnes estão retidos no Porto de Santos, o maior do país, sem previsão de embarque. Segundo o Sindicato dos Despachantes Aduaneiros de Santos e Região, empresas já começaram a adotar medidas emergenciais, como devolução de mercadorias aos centros de distribuição e manutenção de cargas em galpões próprios. O sindicato, no entanto, não tem dimensão do real impacto, já que o que recebe são relatos das medidas que estão sendo tomadas pelos exportadores.

De acordo com Hugo Evangelista, a maioria das cargas que estão sendo retidas são bens duráveis ou semiacabados, sem risco imediato de perecimento. “As empresas estão priorizando manter paradas aquelas mercadorias com maior flexibilidade de armazenamento e menor sensibilidade a prazos. Produtos perecíveis ou com ciclos curtos de mercado, como alimentos frescos, farmacêuticos, etc., já foram movimentados, mesmo com o risco de tarifas mais altas”, detalha.


Negociações continuam

O Ministério de Portos e Aeroportos disse que o acúmulo de cargas em portos pelo país é “uma questão pontual” e que tem tido atenção da pasta. “Sobre o aumento das tarifas anunciadas pelo governo dos Estados Unidos ao Brasil, o Governo Federal está trabalhando com o setor produtivo em busca de soluções para reduzir o impacto das tarifas anunciadas pelos Estados Unidos sobre a produção e o emprego no Brasil”, disse a pasta. A Autoridade Portuária de Santos informou que até o momento não registrou alteração na dinâmica da logística portuária.

O governo federal tenta negociar com os norte-americanos para rever a taxação ou pelo menos adiar o início da cobrança. “Queria finalmente dizer a vocês que nós estamos em conversa pelos canais institucionais. E de forma reservada. As conversas estão caminhando pelos canais institucionais e de forma reservada”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin, responsável pelas negociações, no início da semana.


Na segunda-feira (28), uma comitiva de senadores também vai aos Estados Unidos para tentar negociar. “Existe, sim, a possibilidade de revisão, especialmente diante da pressão dos setores econômicos norte-americanos que dependem de insumos importados. No entanto, como as tarifas vêm sendo utilizadas como instrumento político e estratégico, não há garantias”, argumenta Hugo Evangelista.

Por isso, ele destaca que os exportares precisam considerar os dois cenários. “Se as tarifas forem mantidas, o impacto direto será o aumento nos custos para o consumidor final, a perda de competitividade de certos produtos brasileiros no mercado americano e uma possível realocação de exportações para outros mercados. Também existe o risco de que o Brasil adote medidas retaliatórias, o que pode escalar a tensão comercial”, afirma.

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