Venda da Embraer comprometerá 16 mil trabalhadores, diz sindicato
Representantes da categoria pedem que o governo vete negociação
Economia|Alexandre Garcia, do R7
A possível compra da Embraer pela fabricante de aeronaves norte-americana Boeing vai comprometer 16 mil postos de trabalhos, afirmou o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região nesta quinta-feira (21).
Em nota de repúdio a negociação, o sindicato que representa a categoria destaca que a terceira maior empresa do setor no mundo tem uma importância "estratégica" para o País.
"Exigimos que o governo federal vete a venda e, enfim, reestatize a Embraer como forma de preservar e retomar este patrimônio nacional", diz o comunicado.
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O sindicato ainda teme pela saída da fábrica no País e ressalta a empresa "já vinha adotando uma profunda política de desnacionalização da produção".
Em conversa com o R7, o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros, diz que os representantes da categoria vão "juntar todos seus esforços" para que a negociação não seja efetivada. “A Embraer tem uma história no Brasil e não pode se perder desse jeito”, destaca ele.
Para que uma negociação entre as empresas seja concluída, é necessária a aprovação do governo federal, que detém a maior parte das ações de classe especial da Embraer.
Em fato relevante divulgado mais cedo, a Embraer afirma que "não há garantia de que qualquer transação resultará dessas discussões". A empresa também garante que "manterá seus acionistas e o mercados informados a respeito do desdobramento" da possível negociação.
Histórico ruim
De acordo com Claros, que também atua como mecânico ajustador na Embraer, a Boeing não acumula um histórico positivo ao comprar empresas. “A história da Boeing dentro dos Estados Unidos de comprar empresas é de fechamento”.
“Toda grande empresa aeronáutica que a Boeing comprou, fechou. E é isso que vai acontecer com a Embraer [se for vendida], lamenta o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região.
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Claros avalia ainda que nenhuma grande corporação compra uma concorrente para desenvolvê-la. "No nosso prognostico, o interesse da Boeing nessa compra, é fechar a Embraer no Brasil. A Embraer tem uma fábrica nos Estados Unidos e essa sim se desenvolveria”.
Para sustentar que "a maioria dos indícios não são positivos para os trabalhadores e para a população brasileira", Claros lembra ainda a declaração dada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante sua posse. “Ele disse que a Boeing iria receber incentivos para gerar empregos dentro dos Estados Unidos, não fora”.
Na tentativa de barrar as negociações, Claros diz que será lançada já nesta sexta-feira (22) uma campanha internacional junto com os sindicatos de Araraquara e Botucatu contra a possível venda da Embraer.