Venda diária de veículos era 4 vezes maior que toda a produção de abril
Paralisação das montadoras por causa da pandemia da covid-19 abalou outros segmentos, como metalurgia e máquinas e equipamentos
Economia|Giuliana Saringer e Marcos Rogério Lopes, do R7
A quase nula fabricação de veículos no país foi uma das principais responsáveis pelo tombo de 18,8% na produção industrial de abril, divulgada nesta quarta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Leia também
As montadoras com fábrica no Brasil colocaram no pátio apenas 1.847 veículos, o que representa uma queda de 99,4% na produção em comparação com o mesmo mês do ano passado.
De acordo com a Anfavea (Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores), em abril de 2019 saíram das fábricas 267.546 carros, comerciais leves (picapes e furgões), caminhões e ônibus.
Essas 1.847 unidades equivalem a menos de um quarto do número de carros que foram vendidos diariamente, em média, no ano de 2019, quando foram emplacados 2,787 milhões de veículos (7,6 mil por dia).
A produção também fica bem longe da quantidade de emplacamentos do mês de abril de 2020: 55.732 veículos. Número que, aliás, já é bem ruim e mostra uma queda de 76% em relação às 231.922 unidades do mesmo período em 2019.
No acumulado do ano a retração na produção é de 39,1%, com o total de 587,7 mil unidades fabricadas no primeiro quadrimestre.
Impacto na economia
Além de representar uma enorme perda ao Produto Interno Bruto do país, a queda da produção de veículos afeta diversas outras atividades econômicas, explica o gerente da pesquisa sobre produção industrial do IBGE, André Macedo.
Segundo ele, a paralisação das montadoras em função da quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus impacta outros segmentos industriais, que também caíram em abril: metalurgia (-28,8%), produtos de borracha e de material plástico (-25,8%) e máquinas e equipamentos (-30,8%).
As montadoras associadas à Anfavea têm 125,6 mil empregados diretos e se viram obrigadas a conceder férias coletivas à maior parte dos funcionários durante a pandemia.