Aula presencial: estudantes contam como é voltar para a escola
Alunos da educação básica falam da rotina após 1 ano e meio em casa; universitários seguem com as atividades remotas
Educação|Alex Gonçalves, do R7*
Cyrilo Malandrino Gomes Neto, 14 anos é aluno do 9º ano do ensino fundamental do Colégio Itamarati, de Ribeirão Preto (SP). O jovem conta que a turma do período da tarde foi a primeira a retornar as aulas 100% presenciais.
“Voltamos na primeira semana de agosto”, diz aliviado. “Eu não aguentava mais olhar para a tela do meu computador, não conseguia aprender o conteúdo”, diz ao lembrar das dificuldades do ensino remoto.
O aluno conta que no início se sentiu inseguro para retornar ao colégio. “Sabemos que o vírus existe e ainda pode matar”, avalia. “Na sala de aula todos os protocolos sanitários estão sendo adotados, inclusive o distanciamento social e o uso obrigatório de máscara.”
Segundo Cyrilo, os pais aceitaram bem o retorno às aulas presenciais. “Eles perceberam o quanto foi difícil manter o foco e atenção dos estudos durante a pandemia”.
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Para a estudante Júlia Farias Amaral, 18 anos, do 3º ano do ensino médio da Escola Estadual Professor Jair Toledo Xavier, localizada no bairro da Brasilândia, zona norte de São Paulo, o reencontro com os colegas de classe foi um misto de sensações. “Fiquei insegura por causa do vírus e ao mesmo tempo ansiosa para encontrar todo mundo”, conta.
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A escola onde Júlia estuda, para evitar aglomerações, dividiu a turma e apenas 50% dos alunos participam das aulas presenciais. “Fomos separados por grupos e as aulas aulas seguem na modalidade híbrida de ensino”, diz.
Segundo a jovem, os professores estão retomando alguns temas para nivelar o aprendizado dos estudantes em sala de aula. A aluna lembra que enfrentou dificuldades durante a pandemia para poder acompanhar as aulas online. “Eu estava sem celular e perdi muito conteúdo”.
Na última quarta-feira (18) foi publicada uma decisão judicial em caráter liminar que prevê aos profissionais da rede estadual o retorno após 14 dias do esquema vacinal. A determinação atende a uma Ação Civil Pública movida pela Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo). A entidade afirma que os professores estão sendo convocados pela Secretaria Estadual da Educação sem que tenham tomado as duas doses da vacina.
Sofia Furtado de Alcantara Gil, 15 anos, estuda no Colégio Domus Sapientiae da Rede Inspira, localizado no Itaim Bibi, zona sul da capital paulista.
A jovem conta que recebeu orientações da escola sobre como funcionaria o retorno dos estudantes para o modelo presencial. "Foram enviados comunicados por e-mail e também por outros canais de comunicação para os alunos", diz. "Não tive medo de voltar. Eu estava mais contente e também ansiosa", explica.
Para Sofia a readaptação da rotina escolar ainda é um desafio. "Voltamos, mas com novos hábitos e sem ter aquela aproximação com os amigos como antigamente", diz ao se referir as medidas de distanciamento social.
Universitários
As três universidades estaduais paulistas: USP (Universidade de São Paulo), Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e Unesp (Universidade Estadual Paulista) vão exigir vacinação completa de alunos e professores para o retorno as aulas presenciais.
Na última quinta-feira (19) a Unicamp apresentou o plano de retomada das atividades presenciais. Além do esquema vacinal completo após os 14 dias, também haverá testagem para servidores e alunos e controle diário do bem-estar de saúde por aplicativo. De início, o retorno presencial é previsto aos funcionários, docentes e pesquisadores. A retomada plena com as aulas presenciais nos campus da Unicamp estão previstas para 2022, informou o reitor da Unicamp Antônio José de Almeida Meirelles.
Na USP, o retorno acontece a partir do dia 4 de outubro para quem estiver com o esquema vacinal completo contra a covid-19. Reitores da Unesp comunicaram que ainda não possuem data específica, mas a previsão é que as aulas sejam retomadas em setembro.
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As aulas na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo seguem online e ainda não há definição de data sobre o retorno presencial, segundo a assessoria.
Em nota a FCL (Fundação Cásper Líbero) informa que nos meses de agosto e setembro, as aulas continuarão a ser ministradas remotamente. Garantidas as condições de segurança com o avanço da campanha de vacinação no estado, o retorno presencial das aulas deverá ocorrer já em outubro.
A UPM (Universidade Presbiteriana Mackenzie) informou que o ensino remoto seguirá até o dia 22 de dezembro de 2021. Caso os indicadores assegurem a saúde de alunos, professores e funcionários, a universidade reavaliará a atual modalidade de ensino praticada.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder