Black Box: a História da humanidade contada a partir da África
Projeto reúne em livro as grandes descobertas da população negra que ficaram esquecidas e deixadas de lado após a escravidão
Educação|Karla Dunder, do R7
Quando a caixa preta é aberta ela revela a verdade, os fatos. Essa é a inspiração para o projeto Black Box, uma parceria entre a Faculdade Zumbi dos Palmares e a J. Walter Thompson Brasil, que tem como proposta trazer à tona os grandes feitos da população negra que foram ignorados pela História.
“A História é contada a partir da escravidão, que é um momento de apagamento, quando tudo o que foi produzido, feitos da matemática e daastronomia, por exemplo, foram deixados de lado”, conta Danilo Janjacomo, Diretor de Criação do projeto. “A pesquisa abriu um novo mundo, descobrimos coisas formidáveis que mudaram a história da humanidade e que precisam ser contadas”.
Para fazer esse resgate do legado cultural e histórico da população negra, 15 profissionais de diferentes áreas foram envolvidos no projeto. Foram mais de 15 mil horas de pesquisa em 8 meses de trabalho duro. “A cada checagem de informação, sempre descobríamos algo novo para incluir”.
Após a pesquisa, o primeiro passo foi selecionar assuntos para organizar um livro. Cada capítulo traz um tema que passa pelas descobertas da astronomia, da medicina ou mesmo gastronomia e feminismo entre outros. “Dentro de cada ponto abordado temos uma série de histórias correlatas, que podem e devem ser ampliadas, abrimos uma caixa preta para discutir a História pela lente da cultura africana”.
O livro, que está sendo distribuído gratuitamente como e-book ou PDF, é a semente de um projeto maior, que deve ter desdobramentos. “Existe a possibilidade de confeccionar o livro em papel” diz Janjacomo.
A Faculdade Zumbi dos Palmares vai integrar o livro no currículo. Cada capítulo é o ponto de partida para uma aula-debate com a participação de profissionais da área.
Black Box foi entregue a Graça Machel, viúva do líder africano Nelson Mandela. “O livro integrará o acervo do Instituto que ela está à frente e é um dos pioneiros no mundo a realizar esse tipo de pesquisa", conta Janjacomo. "Entregar o livro e saber que será usado para pesquisa foi muito gratificante para todos nós.”