Com medo de virar meme, aluna é 1ª a chegar ao local da prova no DF
Neste domingo de provas do Enem, alunos respondem a questões de linguagens e códigos e ciências humanas e fazem redação
Educação|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
A estudante Mariana Batista, 20 anos, moradora de Santo Antônio do Descoberto, cidade goiana no Entorno do Distrito Federal, chegou às 10h30 à escola de Brasília onde faz o Enem neste domingo (21). Ela foi a primeira a chegar ao local da prova.
"Saí de casa às 7h50, fui a primeira a chegar. O medo da minha mãe era eu perder o horário e virar meme", explica a jovem. Ela optou por não fazer o Enem no ano passado por causa da pandemia. "Minha mãe tem diabetes, tive receio, agora estamos vacinadas", relata. "Eu tirei um ano para trabalhar e estudar para o Enem. Ano que vem vou fazer faculdade de fisioterapia para mudar de vida."
Ao meio-dia, pelo horário de Brasília, os portões de 11.905 locais de prova se abriram em todo o país para permitir a entrada dos mais de 3,1 milhões de inscritos no Enem. Neste primeiro domingo, perto desse horário, o movimento de estudantes era tranquilo em frente às escolas no Distrito Federal.
Mais de 61,4 mil candidatos são esperados para o exame impresso e digital em Brasília. No Centro de Ensino Fundamental Athos Bulcão, no Cruzeiro Novo, uma dezena de participantes se acumulava em frente ao local para esperar a abertura dos portões.
O pequeno número de estudantes causou estranheza entre os candidatos. O tempo instável foi mais um adversário: o vento forte e o céu nublado são o prenúncio da chuva.
Na sexta-feira (19), a secretaria de Mobilidade anunciou que iria reforçar as linhas de ônibus duas horas e meia antes do início e do encerramento das provas, programado para as 19h. Isso porque, neste domingo, os candidatos vão responder a 90 questões de linguagens, códigos e suas tecnologias e ciências humanas e suas tecnologias, além de redigir a redação.
"Na última vez não consegui fazer tudo, fiquei nervosa, mas este ano me preparei, fiz cursinho, tenho fé", explicou Jaine Alves, 21 anos. Uma das preocupações é com a redação. O texto dissertativo-argumentativo deve ter até 30 linhas. Além do texto, o cartão de respostas precisa ser preenchido com caneta preta, e só é permitido o uso daquelas fabricadas em material transparente.
Enem
O Enem é uma das principais formas de acesso ao ensino superior no país. Com o resultado das provas, os participantes podem concorrer a vagas em universidades públicas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).
O desempenho também é requisito para disputar bolsas parciais ou integrais de estudos em faculdades privadas pelo Programa Universidade para Todos (Prouni) ou ainda acessar o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
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Crise
Às vésperas da prova, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) enfrenta uma crise institucional cujo estopim foi o pedido de demissão coletiva de 37 servidores do órgão. Eles alegaram que decisões tomadas pelo órgão em relação ao exame não seguiram critérios técnicos. O presidente do Inep, Danilo Dupas, refutou a ingerência no Enem.
O Ministro da Educação, Milton Ribeiro, também disse na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados que não houve interferências na elaboração da prova. Isso porque no dia anterior, durante viagem ao Catar, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a prova começava a "ter a cara do governo", o que gerou desconfianças sobre a segurança do exame.
Com isso, grupos da sociedade civil ingressaram com processos judiciais contra o Inep. Uma ação civil pública da Defensoria Pública da União (DPU) em São Paulo, Educafro e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) pedia o afastamento de Dupas. Na sexta, após pedido de senadores, o Tribunal de Contas da União (TCU) abriu uma investigação para apurar irregularidades na organização do Enem pelo Inep.