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Educação

É importante considerar vacina como obrigação, diz reitor da USP

Carlos Gilberto Carlotti Junior defendeu o passaporte vacinal na instituição, válido para alunos, professores e servidores

Educação|Do R7

Carlos Gilberto Carlotti Junior é o novo reitor da USP
Carlos Gilberto Carlotti Junior é o novo reitor da USP

O novo reitor da USP (Universidade de São Paulo), Carlos Gilberto Carlotti Junior, defendeu nesta quarta-feira (23) o passaporte vacinal na instituição, válido para alunos, professores e servidores técnico-administrativos. As aulas presenciais serão retomadas em 14 de março e, segundo o dirigente, o espaço físico passou por adaptações para reduzir os riscos de transmissão da Covid-19.

"É a nossa opção. Temos um aplicativo de identificação em que já pode ser incluída a vacinação. É importante que consideremos a vacinação como obrigação", afirmou ele em entrevista à rádio Eldorado. Segundo ele, um "esquema especial" foi montado para pessoas que não possam — por determinação médica — receber o imunizante contra o novo coronavírus.

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Para o retorno, o reitor disse que a universidade aumentou a ventilação nas salas de aula e prevê um esquema preferencial de refeições em espaços amplos. "Nosso objetivo é ter um ensino em 2022 melhor do que foi em 2019 (último ano inteiramente presencial). O corpo docente está preparado para fazer a transição", garantiu.

"Todos os prédios e instalações deverão estar funcionando. É para ser presencial o ensino. O uso de alguma ferramenta mediada por tecnologia será complementar. A USP não é uma universidade de ensino a distância. É isso que nossos alunos estão esperando e o corpo docente também", acrescentou Carlotti Junior, que é médico.


Ações afirmativas

No campo das ações afirmativas, Carlotti Junior tem defendido maior diversidade de gênero para professores — ele inclusive avalia adotar alguma ação afirmativa nesse sentido — e o aperfeiçoamento dos sistemas de identificação dos cotistas (pretos, pardos e indígenas) com o objetivo de evitar fraudes.

"Obviamente temos limitações e legislações para fazer algumas atividades, mas precisamos ter no corpo docente a mesma diversidade do corpo discente. Por isso, a preocupação que considere a diversidade de gênero e racial. Ainda não temos uma fórmula pronta, mas é um interesse da reitoria que isso seja representado. Isso deve ser feito com o processo natural, sem romper a excelência da universidade", frisou. A USP tem 159 professores pretos ou pardos, o que representa 2,7% de 5.788 docentes.


Desde 2017, a universidade adota o sistema de cotas raciais para alunos de escolas públicas no vestibular da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest). Também reserva vagas para estudantes oriundos de escolas públicas no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que usa a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Em 2020, pela primeira vez, a instituição teve 50% de seus novos alunos vindos da rede pública de ensino.

O desafio agora, para o reitor, é acabar com erros nos cadastros, já que o vestibular utiliza a autoidentificação dos candidatos cotistas. "Nesse período, tivemos quase duas centenas de casos de acusações de fraude do nosso sistema. A denúncia acontece durante o curso e, muitas vezes, demora quatro, cinco anos até a apuração ser finalizada. O aluno, então, já vai ter deixado de frequentar a universidade após todo esse período", disse. "Em vez de tratar de forma punitiva o aluno que eventualmente tenha alguma fraude, trataremos isso desde o início."


Ao ser questionado de que forma esse "julgamento" seria feito, ele explicou que ainda não tem um modelo desenvolvido. "O que utilizamos no nosso vestibular é uma descrição de fenótipo (características físicas). Você deve ter o fenótipo identificado para fazer parte das cotas. Acho que esse será o ponto de partida, mas estamos começando a discussão. Precisamos descrever isso melhor, mas pontuar ter um antepassado negro não garante o acesso. Isso é uma confusão feita por muitos alunos", exemplificou.

Em várias universidades federais, por exemplo, é adotada a estratégia das bancas de heteroidentificação, em que um comitê avaliador indica se o candidato à cota deve ou não ser contemplado com a ação afirmativa. Carlotti Junior, porém, não detalhou se esse é o modelo que a universidade paulista tem no horizonte.

"A maioria do que estamos chamando de 'fraudes' não é voluntária, é por não entender o processo. Vamos tomar o cuidado de não sermos exclusivos ao utilizar o fenótipo com uma característica muito acentuada, certamente vai ter uma gradação, especialmente com os pardos. Mas a universidade tem conhecimento, pessoas capacitadas para fazer essa postura, inclusive para que a sociedade utilize o que nós iremos definir."

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