Estudantes da periferia de São Paulo criam luva robótica
Crianças e adolescentes, dentro e fora de escolas, usam a tecnologia para desenvolver habilidades e ampliar o conhecimento em várias disciplinas
Educação|Karla Dunder, do R7
Já ouviu falar sobre STEM? Essa é a sigla em inglês para Science, Technology, Engineering e Mathematics ou Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português. A ideia é unir conhecimentos dessas quatro áreas em torno da construção de algo que pode resolver um desafio proposto em sala de aula, por exemplo.
O STEM pode vir em aulas de robótica ou programação, mas também surge de forma mais simples como a experiência do Programa de Expansões desenvolvido pela Testo Digital, uma rede de negócios a serviço do desenvolvimento da sociedade, que disponibiliza atividades com o uso de materiais cotidianos, como papel e canudos, o que torna o projeto de tecnologia econômico, acessível e divertido. Como o grupo fez em suas experiências em uma escola de Paraisópolis e também com crianças de uma ONG em Pirapora do Bom Jesus.
Todo o trabalho desenvolvido tem como foco as disciplinas de ciências e tecnologia, mas há espaço para o trabalho das artes e das linguagens, além de reflexões sobre a cultura digital, a sociedade e os trabalhadores da nova economia.
A tecnologia vai acabar com empregos ou pode ser usada para evitar que pessoas sejam expostas a trabalhos perigoso? Essa é uma das reflexões propostas para crianças, adolescentes e professores.
E como funciona na prática?
Como explica Maria Del Carmen Chude, uma das criadoras do programa, o desafio é aproximar as crianças e os adolescentes da tecnologia de forma a estimular o conhecimento. Não são utilizados kits prontos, o grupo interage com os estudantes utilizando o material desenvolvido pelos professores em sala de aula.
A primeira experiência aplicada foi a criação de uma luva robótica, que simula os movimentos da mão humana. Para a segunda etapa do programa, a luva robótica será acionada por um aplicativo de celular via bluetooth – uma evolução desenvolvida pelos próprios estudantes – um exemplo da experiência de aprendizagem colaborativa entre alunos de níveis (fundamental e médio-técnico) e de escolas diferentes.
“A montagem da luva é um pretexto para a educação colaborativa, as crianças aprendem com base na experiência e no processo transdiciplinar”, explica Maria.
Para o físico Leonardo Gonçalves Lago a criação da luva também foi um pretexto para trabalhar a investigação e o trabalho em equipe. “Não é um trabalho competitivo, ao contrário, buscamos um ambiente de respeito e uma prática inclusiva, todos os alunos têm as suas habilidades e podem contribuir”, diz.
O programa pode ser aplicado em sala de aula, mas também fora dela, como ocorreu em Pirapora do Bom Jesus. O importante é estimular o aprendizado de crianças e adolescentes. Também auxilia na formação do professores que trabalham diferentes conceitos ao mesmo tempo.