Estudantes do extremo leste de SP criam projeto contra 'fake news'
Alunos do 9º ano da escola municipal Henfil desenvolveram telejornal para discutir a desinformação em torno da pandemia
Educação|Alex Gonçalves, do R7*
Júlia Teresa Fernandes, 14 anos é aluna do 9º ano do ensino fundamental da Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Henfil (Henrique Sousa Filho), situada no bairro Jardim Marilu, no extremo leste da cidade de São Paulo, e, junto com os colegas de classe, criou o projeto educacional telejornalístico Pandemia da Desinformação que tem como objetivo abordar a desinformação em torno da vacina e as interferências que as notícias falsas causam na saúde pública.
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No início, Júlia não tinha muito interesse em participar do projeto, mas com o incentivo dos professores ela decidiu ir aos encontros. "Percebi como era importante o desenvolvimento de um projeto em caráter informativo."
"Vivemos um período que recebemos e repassamos muitas notícias falsas, é muito importante que os jovens se reúnam e discutam meios para frear a desinformação que atinge toda a população", destaca. "Minha geração está constantemente conectada à internet, principalmente com as novas tecnologias, temos que usar as ferramentas ao nosso favor", diz.
"A desinformação é um assunto muito atual e amplo que precisa ser explorado e tratado com muita atenção", relata. A estudante observa que a diferença entre fato e opinião confunde muitas pessoas e destaca a importância da busca sobre as origens das informações antes de compartilhá-las.
"O nosso projeto evidenciou o quão frágil nós estamos e o quanto a desinformação fragiliza a área da saúde", explica. "A partir do momento em que nos mantemos ignorantes sobre o tema, a gente está perdendo vidas, a ignorância corrompe a sociedade", avalia Júlia.
Fake news: notícias falsas sobre vacinas são propagadas pela internet
O professor orientador de Educação Digital da Emef Henfil, Bruno Ferreira, explica que a iniciativa ocorreu através do Imprensa Jovem, projeto desenvolvido pelo Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de São Paulo que está presente nas escolas de ensino infantil e fundamental da capital paulista. "A proposta principal da iniciativa é que o estudante seja produtor de informação e não apenas consumidor, o que dá a eles a possibilidade de descobrimento por meio de apuração e curiosidade na produção jornalística multimídia", explica.
Vale destacar que cada escola utiliza formas de adequações diferentes aos projetos de educação midiática que podem ser através de podcast, mídia impressa ou conteúdos telejornalísticos, como é o caso da Emef Henfil. A participação é voluntária e aberta para todos os alunos de diferentes séries, e as atividades ocorrem no contraturno das aulas.
Segundo o professor, o projeto ajudou a potencializar os conteúdos já desenvolvidos em sala de aula e também quanto a orientação profissional que os estudantes possam seguir no futuro. "As atividades trazem sempre uma reflexão, além de desenvolver habilidades que as vezes os próprios alunos desconhecem possuir e isso abre um leque para novas possibilidades", finaliza.
Para a aluna Júlia, as participações no projeto despertou o interesse em seguir na área de comunicação social. "Fui abraçada pela área do jornalismo", conta. "É algo que todos deveriam participar, poque agrega muito na vida pessoal e desperta para o seu futuro, mesmo que não deseja seguir na área da comunicação", finaliza.
*Estagiário do R7 sob supervisão de Karla Dunder