Hip Hop invade a sala de aula e transforma vida de alunos em SP
Alunos participam de oficinas de rimas, de dança e de grafite em escolas municipais de Diadema. Experiência será debatida em seminário
Educação|Karla Dunder, do R7
“O Hip Hop é um jeito de ser e de expressar a alegria que eu tenho dentro de mim”, assim que Guilherme Vilalba do Nascimento, de 11 anos, define as aulas extras oferecidas na EMEB Mario Santalúcia, em Diadema.
A escola participa de um programa Cidade da Escola, um programa da prefeitura que abre espaço para a cultura Hip Hop em sala de aula. Ao menos 1500 crianças são atendidas pela turma do Instituto Matéria Rima, um grupo que surgiu para transformar o conteúdo formal em algo mais próximo da realidade das crianças e de forma mais divertida.
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Estudantes de 9 a 11 anos participam de oficinas de grafite, rima e dança após as aulas. Eles foram os responsáveis por transformar o muro cinza da escola em um painel multicolorido. Nas oficinas de rimas, eles discutem temas da atualidade como o trabalho infantil, por exemplo. “Criança quer estudar, quer brincar e não trabalhar” cantam o rap enquanto dançam ritmados na sala de aula.
Há 5 anos à frente da direção da escola, Simone Rodrigues Allersdorfer Lopes, é uma defensora das aulas de Hip Hop para os seus alunos. “Tudo muda na vida dessas crianças, eles passam a ver a realidade de outra maneira, percebem que são capazes, que podem fazer as coisas de uma forma diferente e o mais importante: eles têm perspectiva de vida.”
Para Simone, as crianças que participam das aulas extras mudam a postura na sala de aula. São mais focadas e mais críticas também. “Eles ficam mais confiantes para expressar sua opinião, por exemplo”, diz. “Muitos alunos moram na comunidade Morro do Samba e não têm oportunidade de lazer, essas aulas suprem isso e aproximam a família da escola”. Os pais foram convidados a pintar o muro da escola ao lado dos filhos.
“A aula fica muito mais atrativa quando aprendemos fazendo um rap”, diz Nicolas Ulisses Nascimento Silva, do Matéria Rima. “Não queremos que eles se tornem MCs, mas que possam sonhar e realizar, que sejam pessoas que respeitem e sejam respeitadas.”
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Os estudantes são recebidos em uma roda de conversa. “Damos acolhimento e escuta, sem dúvida o ponto mais importante porque eles têm espaço para compartilhar o que estão vivendo e sentindo”, observa a coordenadora pedagógica do grupo, Josiane Silva.
Para discutir métodos e trocar experiências, o Instituto organiza um Seminário Internacional de Educação Não Formal - A Educação que Rompe Fronteiras entre os dias 23 e 25 de outubro. A proposta é trocar experiências de atividades realizadas no Brasil e também no exterior.
Entre os convidados, o GangWay Street College, que surgiu na Alemanha, em 1990, que trabalhou com expressões artísticas para diminuir a violência pós queda do muro de Berlim. No dia 23 a programação começa às 8h no Auditório Fundação Florestan Fernandes e termina no dia 25 na Fábrica de Cultura de Diadema. A programação completa e mais informações estão disponíveis do site do Matéria Rima.