Jovens brasileiras transformam o mundo em um lugar melhor
No Dia das Meninas, conheça a história de estudantes que fazem a diferença na sociedade. Elas serão homenageadas em evento em SP
Educação|Karla Dunder, do R7
A estudante de design da Universidade Federal do Paraná, Rafaella De Bona, chamou a atenção de todo o mundo ao conquistar o prestigiado prêmio alemão IF Design Talent Award 2019. A jovem, de apenas 22 anos, desenvolveu um absorvente sustentável para mulheres que vivem em situação de rua.
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Na sexta-feira, dia 11 de outubro, data escolhida pela ONU (Organização das Nações Unidas) como o Dia Internacional das Meninas, Rafaella é uma das homenageadas do evento “Mude o Mundo como uma Menina”, que será realizado na Unibes Cultural, em São Paulo.
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Realizado pelo Força Meninas e patrocinado pelo Banco Original, o evento terá a participação de 200 garotas que terão a oportunidade de conhecer um pouco sobre a trajetória das homenageadas. Além de Rafaella, estão: Anna Luísa Beserra (21 anos) premiada pela ONU por desenvolver um filtro que usa energia solar. Mariana Bigolin Groff (17 anos) vencedora da medalha de ouro da 8ª Olimpíada Europeia Feminina de Matemática. Isabelle Christina (16 anos) criadora do projeto Meninas Negras para o empoderamento digital. E a atleta paraolímpica e multimedalhista Verônica Hipólito (23 anos).
O evento terá apresentações do grupo teatral Cia Realejo e da bailarina Tuany Nascimento, idealizadora do projeto social Na Ponta dos Pés, que oferece aulas de balé no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro. Durante o ‘Mude o Mundo como uma Menina’ será concedida uma premiação inédita – uma viagem ao Vale do Silício (EUA) — a essas jovens brasileiras que impactam a sociedade.
Visionária
Rafaella fez o curso técnico de mecânica no Instituto Federal do Paraná, optou por cursar engenharia mecânica na Universidade Federal de seu estado, mas depois de dois anos percebeu que “queria algo mais humano. O design de produto tem como foco o ser humano e ali pude desenvolver projetos que realmente gosto”, diz.
Em paralelo ao curso universitário, Rafaella fez uma especialização no Centro Europeu de Design e o trabalho de conclusão tinha de ter como base um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “Eu escolhi o primeiro, a erradicação da pobreza”, conta. “Passei a estudar a situação dos moradores de rua e percebi que as condições das mulheres é ainda mais delicada porque sofrem com a ausência de políticas públicas específicas pra elas.”
Essas mulheres enfrentam situações de abuso e violência sexual, gravidez e a menstruação. “Elas não têm acesso a absorvente higiênico, alguns abrigos fornecem, mas muitas sentem vergonha em buscar porque são homens que entregam e a menstruação ainda é um tabu, então muitas usam pedaços de tecido e até sacos plásticos.” Outra observação: muitas mulheres não usam calcinha.
Pesquisando sobre esse problema, a estudante descobriu que na Índia uma empresa fabricava os absorventes utilizando fibra de bananeira, um produto sustentável e barato. “Desenvolvemos um rolo, que se assemelha ao rolo de papel higiênico, para não causar constrangimento, a pessoa destaca a quantidade de acordo com o fluxo, enrola, usa como absorvente interno e depois descarta”. A ideia é distribuir esse produto em postos de saúde, como ocorre com as camisinhas, por exemplo.
A ideia rendeu o “Oscar” do design, o prêmio alemão IF Design Talent Award 2019.
Criativa
A estudante baiana Anna Luísa Beserra criou um filtro que purifica a água usando apenas a luz solar. O projeto rendeu o prêmio o prêmio Jovens Campeões da Terra, da ONU. Anna foi a primeira brasileira a receber essa premiação.
Fundadora da startup de impacto socioambiental Safe Drinking Water for all — SDW, que desenvolve tecnologias para tratamento, gestão e monitoramento de recursos hídricos, incubada pela INOVAPoli (Incubadora de base tecnológica da Escola Politécnica da UFBA).
O filtro purifica a água da chuva coletada por cisternas de áreas rurais por meio de raios solares e um indicador muda de cor quando o consumo é seguro. A água é desinfetada sem o uso de substâncias nocivas como o cloro, por exemplo.
Líder
A jovem Isabelle Christina é um exemplo de liderança transformadora. A adolescente de 16 anos é a criadora do projeto Meninas Negras, que tem como objetivo a inclusão digital de jovens, principalmente na educação e no mercado de trabalho.
Isabelle costuma dizer que cansou de ser “o único grão de feijão em uma panela de arroz” e deu início ao seu projeto. Atualmente, é uma das jovens embaixadoras da Ashoka.
Determinada
A multimedalhista paraolímpica Verônica Hipólito enfrentou um câncer no cérebro e um AVC, mas deu a volta por cima e é a pentacampeão brasileira dos 100m e 200m. Verônica coleciona medalhas: quatro em para-panamericanos, duas em mundiais, três ouros em sul-americanos e uma prata e um bronze nos Jogos Paralímpicos de Verão de 2016 no Rio de Janeiro.
Pioneira
A gaúcha Mariana Bigolin Groff é a primeira brasileira a ganhar medalha de ouro na Olimpíada Europeia Feminina de Matemática e é co-fundadora do Movimento Meninas Olímpicas. Mariana também é vencedora de 28 medalhas nacionais de olimpíadas em áreas como Física, Astronomia, Química e informática.