Com o isolamento social e as aulas remotas, mães também assumiram o papel de professoras em casa. A dona de casa Luciana Maria de Oliveira Silva é mãe da Kyara do segundo período e de Kamily, que estuda no sexto período e descobriu a criatividade acompanhando as filhas. Moradora do interior da Bahia, Luciana tem se dedicado a acompanhar as aulas das filhas. "Como a Kyara é mais nova, tenho assistido as aulas junto com ela e tem sido uma experiência muito rica poder acompanhar a evolução da minha filha, uma oportunidade que teria se as aulas fossem presenciais", avalia. Pouco antes do isolamento social e das aulas remotas, Luciana perdeu a mãe. "ela era o amor da minha vida, minha estrutura e em março perdi a minha sogra", conta. "Na sequência, começaram as aulas remotas pela plataforma, eu era obrigada a sair da cama e interagir com as minhas filhas, faço os trabalhos junto com elas e aprendi a ser criativa." "As aulas online são muito diferentes, vejo o quanto os professores estão se esforçando e tiro o meu chapéu, nem sempre a conexão com a internet colabora e é dificil manter a atenção das crianças, mas vejo a evolução no desenvolvimento das minhas filhas mesmo durante a pandemia", conclui. Cecília Lopes Marinheiro é pedagoga e residente no município de Abaré e também é mãe de dois alunos que estudam na escola Bento Freire, no município de Chorrochó — a cidade onde moram está sem aula desde o começo da pandemia. "Moramos na aldeia Pambu e meus filhos estudam em uma escola indígena e as aulas continuam de maneira remota, a plataforma Cloe foi usada porque é uma ferramenta que permite adaptação do conteúdo às nossas tradições, contempla a diversidade", explica Cecília, que é da etnia Tumbalalá. Segundo Cecília, a conexão da internet na região é instável e muitos não têm celular para acessar as ferramentas online. "Para que as crianças não percam o conteúdo, as atividades são impressas e na aldeia as aulas continuam sendo baseadas nas nossas tradições". Por ser coordenadora pedagógica, Cecília une a experiência profissional com a maternidade. "Meus filhos recebem as aulas e eu explico a eles o conteúdo, ajudo nas lições, o bacana é que com a plataforma eles podem explorar mais o contexto cultural deles", observa. "Na falta de tinta, fizeram pintura com barro e para debater poluição, eles foram até um rio perto de casa que ainda é limpo, mas me preocupo muito com a aprendizagem de uma maneira geral, teremos muitos prejuízos no futuro com as escolas fechadas."