Mulheres tiram maioria das notas máximas na redação do Enem 2019
Das 53 notas máximas na redação do Exame nacional do ensino médio, 32 foram conquistadas por estudantes do sexo feminino
Educação|Guilherme Carrara, do R7*
A nota do Enem foi liberada aos alunos pelo INEP na última sexta-feira (17) e o assunto mais comentado foi a nota das redações. Este ano foram 53 alunos com nota máxima, sendo 32 alunas mulheres.
O tema para o texto argumentativo deste ano foi a “Democratização ao acesso do cinema no Brasil”, o que deixou muito alunos e professores surpresos, como foi o caso de Nayra Delany de Amorim Alves, a única mulher que conseguiu a nota máxima no estado do Rio Grande do Norte.
“Eu sou muito ansiosa. Antes de sair a nota do enem tava numa tristeza, não queria sair de casa, chorando direto, preocupada. No dia que saiu eu estava em prova na autoescola, abri o celular, vi a nota e a ficha não caiu de jeito nenhum” conta Nayra, aluna do Farias Brito, de Fortaleza.
Na edição anterior da prova, a porcentagem de mulheres com nota mil na redação do ENEM foi ainda maior. Segundo dados do INEP, órgão responsável pelo exame, das 55 provas “perfeitas”, 42 foram escritas por mulheres, ou seja, uma taxa 76%.
Como representante dessas 32 mulheres, Nayra conta que se sentiu privilegiada. “O fato da maioria das redações nota mil terem sido escritas por mulher me deixa muito orgulhosa, principalmente por eu ter sido a única do meu estado, Rio Grande do Norte. Foram três notas mil e eu fui a única mulher”.
Para a estudante, as notas mostram a determinação das mulheres em lutar pelo avanço dos espaços femininos, que ainda é visto com preconceito.“Esse resultado no ENEM mostra um engajamento, um avanço e uma determinação por parte das mulheres a correr atrás do que elas querem em busca de uma faculdade, uma vaga. Eu fiquei extremamente honrada em poder representar as meninas. Antigamente só quem frequentava as escolas eram os homens e graças a Deus isso mudou e hoje as mulheres têm sim conquistados eu espaço”.
Preparação
Nayra conta que nem sempre teve essa aptidão para redação, sofria muito com a disciplina durante a escola. A estudante, de 18 anos, que presta para medicina, percebeu no cursinho que só com muito treino é possível ir bem na temida redação do ENEM. “Toda semana, independente do que acontecesse eu tinha que fazer uma redação. Eu não me sentia segura em relação ao temas então tentava abarcar o máximo de possibilidades que fosse possível”, afirma.
Além de fazer ao menos uma redação por semana, a estudante adotou alguma dicas que foram muito importantes na hora da prova. Para onde fosse, ela levava um caderno de anotações com vários temas e dicas sobre o que falar na redação. “Se o professor fala-se sobre cadeira, eu ia procurar coisa sobre a cadeira e fazer uma redação sobre ela”
Para o professor Giba Alvarez, diretor presidente da fundação Polisaber desde 2009, a redação funciona como uma fórmula, mas que “além da parte técnica, é essencial que o aluno tenha a capacidade de analisar o mundo a seu redor. O enem exige um leitor crítico e que consiga entender o mundo que ele vive e escrever argumentar sobre ele”.
Sabendo disso, Nayra fez o esforço de se manter atualizada o ano todo. Livros, séries, jornais e filmes fizeram parte do ano de estudo para criar um arcabouço de cultura disponível na hora da prova, tudo anotado em seu caderno separado por temas.
O professor destaca que “a leitura é essencial. Não só de notícias, mas de livros mais aprofundados, para que o aluno crie um repertório cultural e leitura crítica, afinal, ou seja, transformar a informação em conhecimento e análise. Tem um ditado que diz que quem escreve bem “que, lê muito, escreve bem”, e isso é verdade.