'Não entendo nada do que a escola manda', desabafa mãe de 2 filhos
Moradora de Paraisópolis, Josiane conta as dificuldades que enfrenta com as atividades remotas enviadas pela escola
Educação|Karla Dunder, do R7
Josiane de Almeida Souza, estudou até a quarta série do ensino fundamental e teve de deixar a escola para trabalhar. Hoje, mãe de Elder, 11 anos, e Mirelly, 6 anos, se sentiu "perdida" para ajudar os filhos durante as aulas remotas neste período de pandemia de covid-19.
Leia também
Moradora de Paraisópolis, Josiane conta as atividades da filha caçula chegam pelo Whatsapp, já o filho mais velho precisa acompanhar as aulas da rede estadual pelo Centro de Mídias. "Meu marido sai para trabalhar com o celular dele, então, na prática, temos só o meu para dividir entre os dois". Para facilitar, ela conseguiu comprar um tablet para que os filhos pudessem acompanhar as atividades.
SP: "Não adianta passar de ano sem saber nada", diz mãe de periferia
A grande dificuldade está em auxiliar os filhos com as atividades. "Eu não entendo nada do que a escola manda" diz. "Outro problema é que as atividades chegam pelo aplicativo do celular, mas não sei explicar para a minha filha, se não fosse pelas voluntárias, ela não teria aprendido nada." Elder e Mirelly contam com o apoio dos voluntários do programa de educação do Einstein.
"Vejo muitas crianças brincando na rua o dia todo, vários sem acompanhar as aulas," diz.
Para Telma Sobolh, presidente do Voluntariado Einstein e idealizadora do Projeto Apoio Pedagógico, que fica no Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis, "a pandemia tem deixado muitas crianças fora da escola, meninos e meninas que chegam ao 5º ano do ensino fudamental analfabetos", avalia.
Telma destaca que a "maior preocupação neste momento é não deixar que as crianças e os adolescentes desistam da escola." O programa atende a 273 crianças para dar tutoria e reforço pedagógico. "Um grupo de voluntários atua de maneira remota e auxilia aqueles que têm acesso à internet e uma parte atende presencialmente aqueles que possuem uma maior defasagem escolar." Além das aulas, os estudantes têm acesso à biblioteca e clube do livro.
Tatiana Fraguas Hovoruski é voluntária do programa em Paraisópolis há quase cinco anos. "Eu dou apoio aos educadores e vemos muitas dificuldades, um celular e cinco crianças para acompanhar aula, crianças que têm acesso à TV, mas não conseguem acompanhar as aulas, famílias sem escolaridade e que não conseguem ajudar as crinças", conta.
Pandemia: com escolas fechadas, alunos ganham apoio para estudar
"Temos ajudado muitas famílias a usar o aplicativo do Centro de Mídias, muitas tiveram dificuldade no início, percebemos que muitos acabam deixando de lado, mas também têm aqueles que são brilhantes e realmente nos emocionam."