Professor da Etec cria jogo de tabuleiro para ensinar matemática
Ideia é passar a matéria de forma divertida dentro da sala de aula; crianças a partir de 7 anos podem jogar
Educação|Marcela Virgulino*, do R7
O professor de matemática Fábio Aparecido, da Etec (Escola Técnica Estadual) Cônego José Bento, localizada em Jacareí, criou um jogo de tabuleiro para ensinar aritmética de forma mais leve e didática na sala de aula.
"Aqui na Etec, procuramos trabalhar a matemática dentro de quatro habilidades, que são: leitura, interpretação, concentração e raciocínio lógico. O jogo surgiu após utilizar o sudoku por vários anos; num determinado momento, senti que os alunos não estavam tendo o mesmo entusiasmo que antes", conta Fábio Aparecido.
No início da pandemia, período em que os alunos estudaram no formato online, o jogo surgiu como uma alternativa para que eles pudessem aprender mais sobre matemática e se sentissem motivados durante as aulas. "A partir daí, comecei a pensar numa alternativa e utilizar os princípios do sudoku, que combina os números de 1 a 9, sem repetição, mas com a soma de linhas e colunas", conta. Após inúmeras tentativas, o professor descobriu uma maneira de transformar o jogo em vários desafios.
Compreendendo o jogo
Ele foi batizado de Gondol — palavra que significa pensar em húngaro —, o jogo da permutação. "Foi uma homenagem ao criador do cubo mágico, Ernõ Rubik, que é um dos projetos principais dentro das aulas de matemática. A permutação refere-se a um dos princípios do conteúdo da matemática, que é a análise combinatória, a base fundamental do jogo."
O Gondol funciona assim: "Somente podem ser usados números de 1 a 9, sem repetição; as linhas e colunas, quando somadas, terão como resultado os valores em negrito; cada desafio poderá ter de uma a três soluções para o mesmo jogo". Os números presentes nas linhas e colunas são a soma das tampinhas.
Linhas: 9 + 7 + 8 = 24; 6 + 5 + 2 = 13 e 4 + 3 + 1 = 8
Colunas: 9 + 6 + 4 = 19; 7 + 5 + 3 = 15 e 8 + 2 + 1 =11.
Além de trabalhar competências de raciocínio lógico, leitura e interpretação, o Gondol é feito de material reciclável, o que contribui para a preservação do meio ambiente. Outro fator bem interessante é que o jogo permite o trabalho manual dentro da sala de aula ou em casa, pois não precisa de fórmulas matemáticas e pode ser resolvido de maneira simples.
Atualmente, o jogo está inserido em mais de cem escolas espalhadas pelo Brasil, públicas ou privadas. O novo método de ensino ajuda principalmente estudantes que possuem dificuldade e necessitam de atenção. Também pode ser jogado por crianças a partir dos 7 anos.
O professor explica que seus alunos gostam do jogo porque não é repetitivo e os resultados são diversificados. "Com vários tipos de desafios, aqui na Etec de Jacareí os alunos acabam quebrando um muro que existe entre eles e a matemática. Para ter uma ideia, eu apresento esse desafio todas as semanas. Nas aulas em que não é possível jogar, muitos ficam cobrando a atividade."
Assim como muitos estudantes que não têm afinidade com a matéria, Fábio passou pela mesma situação na infância, mas um momento marcante o fez tomar gosto pelos números e pelas fórmulas.
"Sempre tive dificuldade na matéria. Em todos os anos do ensino fundamental eu ficava de recuperação. A matemática, até então, não fazia sentido na minha vida, e quem me ajudava eram os próprios colegas de sala. Só comecei a gostar de matemática no ensino médio, porque a professora ensinava a matéria com linguagem de programação de computadores, que na época era o Basic", lembra o professor.
* Estagiária do R7, sob supervisão de Karla Dunder