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Professora dá 'aula de humanidade' para integrar refugiados no Brasil

Projeto criado pela educadora Simone Catão propõe mergulho no universo de imigrantes venezuelanos no combate ao preconceito e à intolerância 

Educação|Ricardo Pedro Cruz, do R7

Projeto propõe mergulho no universo dos imigrantes venezuelanos
Projeto propõe mergulho no universo dos imigrantes venezuelanos Projeto propõe mergulho no universo dos imigrantes venezuelanos

“Sou recém-chegada à nova terra. Nesta terra eu quero ficar até os meus dias findar, mas as portas se fecham à minha frente. É preciso caminhar. À minha frente eu vejo um grande muro de incompreensão. Em minhas costas, um vendaval de desconfiança”. O trecho do poema escrito por Emilly Almeida Campos, de 17 anos, ajuda a traduzir, ainda que um pouco, o sentimento que centenas de estudantes venezuelanos tiveram ao pisar em solo brasileiro.

Desde 2014, quando a Venezuela se viu diante de uma das maiores crises políticas e econômicas do país — realidade enfrentada até os dias de hoje —, o número de pedidos de imigração cresceu mais de 7.000% em Roraima. A prefeitura de Boa Vista estima que cerca de 40 mil vivam atualmente no estado.

Professora idealizou projeto
Professora idealizou projeto Professora idealizou projeto

Simone Catão, professora de matemática da Escola Estadual Olavo Brasil Filho, na capital do estado, conta que o começo dessa relação entre estudantes brasileiros e venezuelanos não foi nada fácil. “Eles chegaram muito fragilizados. Os alunos não entendiam muito bem e, por isso, em algumas situações, faziam brincadeirinhas de mau gosto. Além, é claro, da barreira do idioma. Ficavam tímidos, no cantinho”, lembra.

A diferença de idioma e a incompreensão geral em relação ao que estava acontecendo do outro lado da fronteira, aos poucos, foram mostrando à educadora a necessidade de se olhar para essas questões e de se buscar ferramentas para que essas diferenças, ao invés de separar, pudessem aproximar as duas realidades.

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Nascia então o projeto "Duas Culturas e uma Nação”, idealizado por Simone. Não demorou muito para que outras áreas da unidade de ensino estivessem envolvidas na propostas de derrubar as barreiras que existiam entre os estudantes.

"O projeto fez eu me sentir em casa. Foi um pouco difícil quando eu cheguei"

(Willian Santiago, imigrante venezuelano)

"Foi necessário trabalhar a interdisciplinaridade. Português trabalhou a vivência, história, começamos a produzir, a fazer poesias, tudo relacionado ao tema refugiados.Um pouco da história do país, da presidência, a língua", explica a professora. 

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Comunidade criou jardim com plantas medicinais da cultura venezuelana
Comunidade criou jardim com plantas medicinais da cultura venezuelana Comunidade criou jardim com plantas medicinais da cultura venezuelana

Se antes a prioridade da escola era o ensino de inglês, com a vinda dos imigrandes foi preciso readequar a grade e incluir o espanhol. Se antes as diferenças ocupavam o espaço entre brasileiros e venezuelanos, o mergulho na realidade vizinha aos poucos foi preenchendo as lacunas com compreensão e respeito. 

"As outras escolas começaram a nos procurar para conhecer mais sobre o projeto. Nós criamos uma cartilha “Alunos Refugiados: Como Acolhê-los?”. Nós colocamos todas as nossas ações, o que é xenofobia, a lei de imigração. Um trabalho mesmo contra a xenofobia", diz. 

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