São Paulo deve contratar 70 mães para combater evasão escolar
Prefeitura lançou, em parceria com Unicef, programa de busca ativa para evitar que crianças e adolescentes deixem a escola
Educação|Karla Dunder, do R7
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), lançou nesta sexta-feira (3) o “Programa de Combate à Evasão Escolar na Rede Municipal”. A ação tem como objetivo prevenir e resgatar as crianças e os adolescentes que deixaram a escola durante esse período de pandemia. A iniciativa tem como parceiro o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) e o Instituto Liberta.
Durante o lançamento do programa foi feito o anúncio de adesão à plataforma de busca ativa do Unicef. A ideia é que as secretarias possam fazer o monitoramento dos estudantes que tenham abandonado a escola ou estejam em situação de risco. 0 prefeito anunciou que 70 mães serão contratadas para fazer visitas à casa desses alunos como forma de evitar ou resgatar esses jovens para a escola.
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Nunes anunciou a contratação de estagiários que serão somados aos 14 mil profissionais de saúde e assistência social que já fazem visitas às residências com o objetivo de prevenir a evasão.
"Metade dos alunos da rede está em situação de pobreza ou de extrema pobreza, um motivo de grande preocupação", destacou Nunes. Crianças em situação de vulnerabilidade correm um risco maior de parar de estudar.
O secretário da Educação, Fernando Padula, explica que a plataforma do Unicef ajuda na identificação de alunos que abandonaram a escola ou que têm alto risco de deixar os estudos. A partir desses dados, as secretarias municipais podem agir em conjunto para resgatar esses alunos por meio da busca ativa. "Evasão não é um problema atual, mas a pandemia agravou essa situação, a proposta é aprimorar e facilitar a busca dos estudantes com o sistema do Unicef", avaliou Padula.
"Como essa iniciativa São Paulo dá um passo a frente para que as crianças estejam protegidas, cada dia importa para uma criança que está fora da escola e por essa razão o programa começa agora, não dá para esperar o ano que vem", observou a representante do Unicef, Adriana Alvarenga. Ela lembrou que duas de cada dez crianças e adolescentes não tiveram acesso ao conteúdo escolar durante a pandemia no Brasil, o que pode gerar um retrocesso de 20 anos nos indicadores da educação.
Já a parceria com o Instituto Liberta promoverá ações de conscientização e combate à violência sexual, apontado como um dos principais motivos de evasão escolar. "Crianças em casa estão em risco, principalmente quando vemos que 85% de atos violentos ocorre por pessoas próximas", observa a diretora do Instituto, Luciana Temer. "A escola tem um papel muito importante para o enfrentamento da violência sexual por ser o local onde essas crianças pondem falar sobre o que estão passando e combater a violência é uma forma de combater a evasão."