É muito comum que escolas separem um dia do calendário para que as crianças pequenas "brinquem" o carvanal. Mas muitos colégios vão além da guerra de confete e resgatam marchinhas, histórias e a tradição da festa popular. "O carnaval é uma festa plural, com um significado cultural muito forte e que vai além de pessoas pulando na avenida", avalia Daniel Reginato, professor do Colégio Anglo 21. No colégio, os alunos mergulham durante três semanas em uma viagem sobre os ritmos e passos de dança: da bateria ao frevo. São apresentados às composições de Chiquinha Gonzaga e resgatam marchinhas antigas. Claro que todo esse conhecimento é aproveitado na prática pelos alunos num divertido grito de carnaval dentro da escola. Para o diretor do Sistema de Ensino pH, Cláudio Falcão, o carnaval deve entrar na escola de uma maneira multidisciplinar. As crianças são convidadas a colocar a mão na massa para produzir fantasias e adereços com material reciclável para participar do bloquinho. "Esse é um jeito de trabalhar a sustentabilidade de uma forma prática." Outra dica, segundo Falcão, é falar sobre a tradição de resistência e contestação da festa. "A ridicularização de elementos sociais ou políticos é uma forma de expressão e deve ser discutida em sala de aula, além, claro, da questão das fantasias e apropriação cultural, até que ponto posso usar sem ofender um grupo ou uma etnia?", questiona. Para o ensino médio, o respeito às mulheres deve entrar na sala de aula. "Não é não, o limite e o machismo devem ser discutidos a partir do comportamento das pessoas nos bloquinhos, por exemplo."