"Hoje pela manhã, quando iria entrar na plataforma da universidade, havia um aviso. Isso, um pop-up comunicando que eu não fazia mais parte da instituição…", declarou um professor que não quis se indentificar.
Segundo informações do Sinpro (Sindicato dos Professores de São Paulo) a Uninove demitiu mais de 300 professores por mensagem de computador entre segunda (22) e esta terça-feira (23).
"Ainda não sabemos o total exato de demitidos, o que sabemos é que a atitude deles foi imoral", avalia Celso Napolitano diretor do Sinpro e presidente da Fespesp (Federação Estadual dos Professores do Estado de São Paulo).
Os professores souberam da demissão na segunda-feira pela manhã quando acessaram a plataforma para as aulas online. "Eles receberam um aviso frio, grosseiro, que ainda obrigava o professor a clicar e confirmar sua própria demissão", diz Napolitano.
As demissões ocorrem antes mesmo do lançamento das última notas.
Segundo o Sinpro, a Uninove exigiu dos professores a devolução da carteira do plano de saúde, "o que é ilegal porque a lei permite o uso do convênio médico durante o aviso prévio". Os funcionários desligados também foram avisados que deveriam entregar equipamentos "sob pena de ser descontado o valor das verbas rescisórias, algo extremamente descortês", avalia Napolitano.
"Com as aulas online, as barreiras físicas de diferentes campi caíram, antes a instituição precisava de professores para dar aula na Barra Funda, Vergueiro ou Santo Amaro, com o ensino remoto, uma mesma aula pode ser acompanhada por mais de cem alunos ao mesmo tempo", observa Napolitano. "Com isso, a instituição maximiza seus lucros e trata os professores como objetos descartáveis."
O sindicato aguarda uma reunião com a Uninove, mas entrou com um pedido liminar na Justiça do Trabalho para realizar uma audiência de conciliação e tentar rever as demissões.
Alunos da instituição criaram um abaixo-assinado pedindo o retorno dos professores.
O R7 entrou em contato com a Uninove, que enviou uma nota informando: "diante da pandemia que atingiu o mundo, tivemos que nos adaptar à nova situação e fomos ao limite para manter nosso quadro funcional e todas nossas obrigações contratuais em dia. Salários dos professores foram garantidos pontualmente e vultosos investimentos em tecnologia realizados. As mensalidades estão sendo renegociadas, tendo em vista a perda do poder aquisitivo de nossos alunos e seus familiares."